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TENDÊNCIAS/DEBATES
Nova política de meio ambiente da Sabesp
GESNER OLIVEIRA
Proteção ambiental deixou de ser mero complemento do programa de trabalho para se tornar a própria razão de ser da Sabesp
O TEMPO para enfrentar os desafios do meio ambiente está
esgotado. Governo, empresas
e famílias precisam mudar. Seguindo
a orientação do governo José Serra, a
Sabesp (Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo) tem
adotado várias providências nessa direção. Um exemplo é o programa de
investimentos de quase R$ 6 bilhões
no período 2007-2010, 52% dos quais
destinados ao esgotamento sanitário.
Não há mais lugar para negligência
em relação ao meio ambiente. Empresas tradicionais de água e esgoto
que não atribuem papel central à sustentabilidade ambiental estão fadadas ao desaparecimento na próxima
década.
A nova política ambiental da Sabesp, submetida a cem dias de consulta pública pela internet e a duas audiências públicas, colocará a companhia na rota da sustentabilidade. Destaquem-se oito compromissos assumidos nesse processo e constantes do
programa de metas da empresa.
Em primeiro lugar, estão sendo
ampliadas as ações do programa de
uso racional da água (Pura), voltado
ao combate ao desperdício. Sua aplicação em prédios públicos tem levado
a uma economia média nas contas de
água da ordem de 50%. Some-se a isso
a introdução da medição individualizada de condomínios programada para fevereiro de 2008, permitindo controle por parte do consumidor de seu
esforço de poupança de água.
Em segundo lugar, a Sabesp aumentará seu fornecimento de água de
reúso. Países como Israel têm logrado
êxitos formidáveis nessa área. A Sabesp já tem iniciativas pioneiras e está determinada a adotar as melhores
práticas. A água de reúso é produzida
em estações de tratamento de esgoto
e, conforme o padrão de qualidade requerido, tem sido utilizada para várias finalidades, como lavagem de
ruas por subprefeituras do município
de São Paulo e processos industriais.
A Sabesp fornece atualmente cerca de
100 mil m3/mês. Esse nível é um dos
maiores da América Latina e deverá,
no mínimo, ser duplicado nos próximos 18 meses.
Em terceiro lugar, será contratado
até dezembro deste ano um inventário dos gases de efeito estufa, permitindo explorar todas as possibilidades
de redução das emissões e conseqüente obtenção de créditos de carbono. Interessam em particular os
créditos oriundos do plantio de florestas nativas em vários mananciais,
o uso do biogás gerado nos biogestores de lodo e a construção de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) em suas represas.
Em quarto lugar, a partir de 2008, o
relatório de administração da empresa conterá balanço ambiental, tornando transparentes os impactos das
ações da Sabesp no meio ambiente.
Em quinto lugar, a Sabesp está determinada a integrar, a partir de
2009, a carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa. Trata-se de grupo relativamente seleto que, atualmente, compreende 33 empresas.
Em sexto lugar, a Sabesp universalizará o tratamento de esgoto em
mais de 230 municípios até dezembro de 2010, considerando-se as
áreas urbanas consolidadas. Com os
projetos de médio e longo prazo em
fase de preparação, especialmente as
etapas futuras do projeto Tietê, será
possível chegar aos 100% de tratamento de esgoto em todos os municípios operados em uma década.
Em sétimo lugar, estão sendo ampliadas e fortalecidas as parcerias
com centros de pesquisa e inovação
das principais regiões do planeta, de
forma a propiciar tecnologias de última geração à altura dos enormes desafios do saneamento ambiental.
Ressalte-se, entre outras ações, a busca de soluções para destinações técnica, econômica e ambientalmente
adequadas para o lodo gerado em
estações de tratamento de água
(ETAs) e estações de tratamento de
esgoto (ETEs).
Em oitavo lugar, a empresa está
comprometida com o enquadramento na chamada ISO 14.001, uma das
certificações mais rigorosas do ponto
de vista ambiental. A primeira fase
ocorrerá até dezembro de 2010,
abrangendo 10% das unidades operacionais, equivalente a 65 estações de
tratamento de água ou de esgoto.
Atualmente há quatro ETEs certificadas na região metropolitana de São
Paulo.
Do ponto de vista empresarial, a
questão ambiental deixou de ser um
problema para se tornar uma oportunidade de expansão dos negócios da
companhia. Do ponto de vista de sua
missão pública, a proteção ambiental
deixou de ser mero complemento do
programa de trabalho para se tornar
a própria razão de ser da Sabesp.
GESNER OLIVEIRA, 51, doutor em economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), professor da FGV-EAESP, é presidente da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e ex-colunista da Folha.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br
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