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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Água: merece total respeito
LAMENTO ter de voltar a um
assunto sobre o qual escrevi
tantas vezes: o desperdício de
água.
Dados de pesquisa recentemente divulgados dão conta de que o
Brasil desperdiça 45% da água captada para o consumo. O quadro
piorou nos últimos anos. Em 2002,
a perda era de 40% -o que já era lamentável. De lá para cá, aumentamos cinco pontos percentuais
("Brasil desperdiça 45% da água",
Folha, 17/11/07).
Essa é a média. Há casos calamitosos. Em Porto Velho, capital de
Rondônia, onde apenas 31% da população recebe água tratada, o desperdício é de 80%. No Rio de Janeiro, a perda é de 53%. Dois
absurdos.
São Paulo tem uma das médias
mais baixas, 31%, mas, ainda assim,
é exorbitante. Nossos mananciais
estão secando, e o tratamento está
cada vez mais caro. Não podemos
desperdiçar tanta água nos
vazamentos.
Para os padrões internacionais, o
nosso desperdício é escandaloso.
No Japão, a perda é de apenas 4%, e
há uma forte campanha para reduzir esse desperdício a pouco mais
do que zero.
É importante que fique clara a
noção de perda. Esta se refere à diferença entre o que é captado nos
mananciais e o que é entregue ao
consumidor. Não estão computadas nesses números as perdas praticadas pelos consumidores. Estamos falando de perdas devido à má
conservação da rede de água.
O desperdício vai muito mais
longe quando se consideram os que
varrem as calçadas com esguicho,
os que esbanjam água potável para
lavar seus carros e os que decidem
cantar uma ópera, em vários atos,
durante o banho de chuveiro.
Os economistas dizem que o desperdício é grande porque, no Brasil, a água ainda é muito barata.
Penso que haja um fator de maior
importância: a falta de educação
ambiental. A ONU diz que os seres
humanos não precisam de mais de
cem litros de água por dia. A média
no Brasil é de 150 litros. Em São
Paulo é de 221; no Rio de Janeiro,
226; em Vitória, 236. Em bairros
nobres da capital de São Paulo, o
consumo ultrapassa os 400 litros
por dia para cada pessoa.
Só há uma razão para isso: falta
de educação dos cidadãos. Como
educar leva tempo, nossas escolas
precisam intensificar muito mais a
conscientização das crianças. Não
só as escolas, mas todos os logradouros públicos e privados, as empresas, as associações, os locais de
lazer, os clubes e vários outros. Seria extremamente útil uma campanha de televisão permanente para
economizar um bem precioso que
já começa a faltar. Juízo, Brasil!
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos domingos nesta coluna.
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