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O novo golpe
CARLOS HEITOR CONY
Rio de Janeiro - A idéia é antiga, o
processo é recente, embora não seja
novo. Foi usado por ocasião da emenda que possibilitou o segundo mandato do atual presidente.
O processo se limita ao suborno em
suas múltiplas variações, desde a persuasão ideológica em forma de dinheiro até o troca-troca fisiológico de prendas e prebendas.
Quanto à idéia, prefiro antes lembrar o velho projeto dos tucanos paulistas, que o finado Sérgio Motta, tesoureiro-em-chefe do partido e ministro do naco mais suculento do primeiro mandato, garantia que era para
durar 20 anos.
Juntando tudo, o projeto de um
""reich" de 20 anos e a próxima mobilização do governo, a ser inaugurada
em março ou logo após as eleições municipais, teremos a campanha pelo
parlamentarismo -e aí sim, estou entrando no assunto de hoje.
Valerá tudo nessa campanha. Inclusive o reparte de cargos e posições entre os candidatos mais viáveis à próxima sucessão presidencial. Se Ciro Gomes, Garotinho ou qualquer outro
pintarem como finalistas, que tal
transformá-los em potenciais primeiros-ministros, sem necessidade de enfrentar a desgastante campanha presidencial, bastando-lhes um lugar no
Congresso?
O prêmio de consolação será o cargo
mais decorativo, o de presidente. Como se armará a dobradinha é ainda
uma incógnita. A variante invariável
é que o atual mandatário ficará disponível para uma ou outra função.
Não vem ao caso discutir o parlamentarismo como forma de governo.
É um sistema democrático e para muitos o melhor, o mais racional e moderno.
O problema é que as forças da nação
e o sacrifício do povo serão manobrados por um político profissional que,
mais uma vez, agirá em causa própria. E nada mais indecente do que
um governante, em qualquer nível,
cuidar apenas de seu interesse pessoal.
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