São Paulo, Segunda-feira, 03 de Janeiro de 2000


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O novo golpe

CARLOS HEITOR CONY


Rio de Janeiro - A idéia é antiga, o processo é recente, embora não seja novo. Foi usado por ocasião da emenda que possibilitou o segundo mandato do atual presidente.
O processo se limita ao suborno em suas múltiplas variações, desde a persuasão ideológica em forma de dinheiro até o troca-troca fisiológico de prendas e prebendas.
Quanto à idéia, prefiro antes lembrar o velho projeto dos tucanos paulistas, que o finado Sérgio Motta, tesoureiro-em-chefe do partido e ministro do naco mais suculento do primeiro mandato, garantia que era para durar 20 anos.
Juntando tudo, o projeto de um ""reich" de 20 anos e a próxima mobilização do governo, a ser inaugurada em março ou logo após as eleições municipais, teremos a campanha pelo parlamentarismo -e aí sim, estou entrando no assunto de hoje.
Valerá tudo nessa campanha. Inclusive o reparte de cargos e posições entre os candidatos mais viáveis à próxima sucessão presidencial. Se Ciro Gomes, Garotinho ou qualquer outro pintarem como finalistas, que tal transformá-los em potenciais primeiros-ministros, sem necessidade de enfrentar a desgastante campanha presidencial, bastando-lhes um lugar no Congresso?
O prêmio de consolação será o cargo mais decorativo, o de presidente. Como se armará a dobradinha é ainda uma incógnita. A variante invariável é que o atual mandatário ficará disponível para uma ou outra função.
Não vem ao caso discutir o parlamentarismo como forma de governo. É um sistema democrático e para muitos o melhor, o mais racional e moderno.
O problema é que as forças da nação e o sacrifício do povo serão manobrados por um político profissional que, mais uma vez, agirá em causa própria. E nada mais indecente do que um governante, em qualquer nível, cuidar apenas de seu interesse pessoal.


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