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Balanço do governo
CARLOS HEITOR CONY
Rio de Janeiro - FHC multiplicou por
cinco a dívida pública. Aumentou o
déficit fiscal, bagunçou como nunca
ninguém antes bagunçara o balanço
de pagamentos. Produziu em massa o
desemprego, mesmo dispensando a
brilhante ajuda do Mendonça de Barros, que desejava um Ministério da
Produção para esse fim.
Quebrou empresas e colocou grande
parte do parque industrial a caminho
da quebradeira total. Foi reeleito na
base de uma colossal mistificação, à
custa de uma cesta básica garantida
por um real cenográfico e do apoio ostensivo e quase delirante das elites
empresariais, que estão satisfeitas com
o desmantelamento dos sindicatos e
das greves.
Pior mesmo, em face do julgamento
que a história dele fará, foi a venda
das estatais, em bases duvidosas
quanto à probidade dos leilões e inútil
quanto aos resultados: o anunciado
lucro foi sorvido pelos juros, não deu
sequer para amortizar o débito principal.
Com isso, agradou aos investidores
daqui e de lá. Agradou sobretudo aos
corretores que ocupavam posições-chave na hora dos leilões. Os
maus brasileiros que grampearam os
telefones do BNDES merecem a execração pedida pelos prejudicados, mas
simplesmente não revelaram nenhuma novidade.
Esse é o balanço do governo de FHC
que sinto de minha obrigação fazer na
primeira semana de seu novo mandato. Não se trata de uma opinião, mas
de fatos concretos que todos sabemos.
Deles eu poderia tirar a opinião, que
realmente tiro e que os leitores (se os
há) poderão adivinhar.
Mas os fatos são fatais. O que não
chega a ser fatalidade é o chantilly da
personalidade acaciana do presidente.
Esta é mesmo aleatória. Basta citar
uma frase sua, de quatro anos atrás:
"Vamos fazer da solidariedade a mola
de um grande sentimento para varrer
do mapa do Brasil a fome e a miséria".
O conselheiro Acácio não faria melhor.
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