São Paulo, domingo, 3 de janeiro de 1999

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Turismo, esse eterno esquecido!

ANTONIO ERMÍRIO DE MORAES

Os últimos meses vêm sendo marcados por inúmeras notícias a respeito do potencial do turismo como gerador de renda e emprego para o Brasil. Essa onda foi reforçada por um incremento substancial do turismo interno decorrente, em grande parte, do barateamento das passagens aéreas em 1998.
Em termos de longo prazo, qual é o futuro do turismo no Brasil?
Esse setor tem sido considerado como o maior gerador de divisas e de empregos das economias modernas.
Em 1996 registraram-se quase 600 milhões de turistas no mundo, que geraram US$ 422 bilhões de receita. Mais da metade dirigiu-se à Europa, que abocanhou US$ 215 bilhões em um único ano!
A América Latina e o Caribe, juntos, atraíram menos de 9% dos turistas e US$ 33 bilhões de receita. Mas o Brasil trouxe menos de 3 milhões de estrangeiros, gerando apenas US$ 3 bilhões. Em termos mundiais, isso representa 0,05% dos turistas e 0,07% da receita -menos do que o Uruguai.
Para o ano 2020, as estimativas apontam para 1,6 bilhão de viagens em todo o mundo, o que deverá gerar um adicional de 300 milhões de empregos. Alguns acreditam que, naquele ano, o Brasil atrairá 5,5 milhões de turistas. Seria possível?
O turismo constitui uma alternativa bastante útil para o Brasil. Se de um lado não temos o Louvre de Paris ou o Coliseu de Roma, de outro, abundam no Brasil as atrações ambientais.
É verdade que o turismo exige grandes investimentos em infra-estrutura e treinamento de mão-de-obra. Mas as perspectivas de expansão parecem animadoras quando se observa o interesse de investidores estrangeiros que aqui chegam.
A atividade do turismo é muito integrada aos capitais internacionais. A integração das empresas aéreas, por exemplo, constitui um exemplo evidente. O mesmo pode ser dito em relação às cadeias de hotéis de marca mundial. No campo da infra-estrutura, são inúmeros os projetos propelidos com recursos externos, em especial do Banco Mundial, na área de água e saneamento.
Por isso, por meio da implementação de uma estratégia inteligente ao longo dos próximos 20 anos, o Brasil pode muito bem conquistar um lugar de destaque no panorama mundial e que seja à altura de suas vantagens comparativas em matérias de meio ambiente e belezas naturais. Vamos acreditar no desenvolvimento do turismo verde-e-amarelo!



Antonio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna





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