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EM PROL DA CIÊNCIA
O Ministério Público Federal
(MPF) ajuizou ação civil pública com vistas a permitir a pesquisa
com células-tronco de embriões humanos produzidos por fertilização
"in vitro". Um dos argumentos do
procurador é que grande quantidade
dos embriões armazenados em clínicas de fertilização acaba sendo descartada como lixo biológico.
A ação transcorre no vácuo legal
causado pelos sucessivos adiamentos da votação da Lei de Biossegurança, que deveria fornecer amparo para
essa modalidade de investigação
que, defendida pela opinião pública
esclarecida, tem sofrido forte resistência de parlamentares religiosos,
católicos ou evangélicos.
Não há nenhuma dúvida de que a
opinião religiosa deva ser veiculada,
debatida e respeitada. O que não faz
sentido, num país laico e republicano, é ela se tornar o fundamento de
políticas de Estado.
As terapias que usam células-tronco são uma das principais esperanças da ciência para o tratamento de
doenças degenerativas. Trazem,
além disso, a perspectiva de que laboratórios venham a desenvolver órgãos para transplantes, pois células-tronco embrionárias guardariam a
possibilidade de converter-se em
qualquer tipo de tecido.
A objeção religiosa deve-se ao fato
de que, para obter células-tronco, é
necessário destruir embriões na fase
de blastocistos -um aglomerado de
cerca de uma centena de células. Estima-se que existam cerca de 20 mil
embriões nessas condições congelados em clínicas de fertilidade.
A pesquisa com embriões foi derrotada na Câmara, mas o substitutivo do Senado reparou em parte o dano. Embora não autorize a produção
de células-tronco originárias de embriões clonados de amostras de tecido do próprio paciente, o que contornaria eventuais problemas de rejeição, o texto, no mesmo sentido da
ação do MPF, permite a utilização de
embriões excedentes de clínicas.
Já é hora de o governo empenhar
seu peso político na aprovação do
projeto para permitir que o Brasil
avance nessa promissora vertente da
pesquisa científica.
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