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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Apenas um nobre propósito
DESTA VEZ , as celebridades
que se reúnem todos os
anos em Davos (Suíça) decidiram fazer um manifesto reconhecendo a urgência de acelerar o
desenvolvimento no mundo. Assinaram o documento políticos importantes, chefes de Estado e grandes empresários.
Os signatários tomaram o ano de
2000 como referência, reconhecendo ter havido conquistas inegáveis nos campos da mortalidade infantil, das imunizações, do tratamento anti-Aids e outras.
Apesar disso, mais de 3 bilhões
de habitantes carecem de condições sanitárias adequadas; 1 bilhão
vive com menos de US$ 1 por dia;
33 milhões vivem com o vírus HIV;
72 milhões de crianças continuam
fora da escola; um milhão morre de
malária; meio milhão de mulheres
sucumbe durante a gravidez ou
após o parto.
Se tudo continuar nesse ritmo, o
mundo não atingirá as metas traçadas para 2015 que visam erradicar
as formas mais perversas de pobreza. Daí a iniciativa de 19 países e 21
grandes empresas que se comprometeram em liderar um conjunto
de programas para avançar mais
depressa na redução da pobreza.
Fixaram metas intermediárias para 2010, tais como aumentar para 4
milhões o número de crianças sobreviventes; matricular 25 milhões
de alunos nas escolas; atender e
proteger 35 milhões de partos com
tratamento adequado; estender o
acesso à água para 70 milhões de
pessoas.
Qual é a estratégia para levar a
cabo essas boas intenções? A idéia
é mobilizar forças nacionais e multinacionais e realizar reuniões de
avaliação periódicas.
Não se podem negar os nobres
propósitos desse movimento. Mas
o alcance das metas fixadas depende de cada país superar os seus
constrangimentos, crescer mais e
distribuir melhor os frutos do crescimento.
Para tanto, há que se chegar a um
acordo mais humano entre as nações. Estamos longe dessa consciência. O que se nota é uma certa
inflexão do protecionismo. Parece
que as economias se fecham cada
vez ainda sob uma retórica de abertura e cooperação.
O grande entendimento que se
busca é o de criar condições para a
cooperação entre as nações no
campo do comércio internacional.
É claro que a competição faz parte
do regime de livre iniciativa, mas
em nome dela não se podem construir trincheiras para aniquilar os
mais fracos. Infelizmente, não vi
uma palavra sobre esse assunto no
oportuno manifesto dos grandes líderes que compareceram a Davos.
Teremos de esperar pela reunião
de 2009?
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos
domingos nesta coluna.
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