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FERNANDO RODRIGUES
No PT, nada ao vosso reino
BRASÍLIA - Ciro Gomes reapareceu ontem em Brasília. Reafirmou
sua decisão de ser candidato a presidente. Lembrou a todos ter acertado com Lula uma avaliação do
quadro no final de março.
O PSB, partido de Ciro, só tem a
ganhar com a manutenção da candidatura própria a presidente. Terá
mais chance de eleger governadores, senadores e deputados. Pode
sair maior das urnas.
Os socialistas herdeiros de Miguel Arraes até poderiam abrir mão
desse projeto. O enrosco é a falta de
contrapartida. Na oração do PT, só
há espaço para o "venha a nós", e
nada para o "vosso reino". Tal como
está formatada, a coalizão petista é
um ativo tóxico para o PSB. Eis os
detalhes da proposta lulista:
1) Sacrifício: Ciro Gomes desiste
de disputar o Planalto. Apoia Dilma
Rousseff. De quebra, o PSB aceita
enfrentar calado a oposição do PT
em alguns Estados;
2) Missão: o PSB despacha Ciro
para São Paulo para perder a eleição para o Palácio dos Bandeirantes. Ex-candidato a presidente duas
vezes, dono de mais de 10% nas pesquisas nacionais e o primeiro a aderir incondicionalmente a Lula no
segundo turno de 2002, Ciro também teria de servir de boca de aluguel do PT: passaria a campanha vituperando contra o PSDB em solo
paulista, pois os petistas de modos
atucanados como Aloizio Mercadante, Marta Suplicy e Antonio Palocci fazem de tudo, menos se indispor com José Serra;
3) Prêmio: nenhum. O PSB fica de
mãos abanando e se dando por feliz
com ministérios de segunda classe
e sem expressão política.
Assim é o tipo de aliança oferecida pelo PT. É também um prenúncio da voracidade e da hegemonia
petista a partir de 2011 se o grupo de
Lula vencer a disputa em outubro.
Antonio Palocci não desistiu de
ser candidato ao governo de São
Paulo. Foi "desistido" por Lula.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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