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O DESAFIO DE ABBAS
Dois episódios simultâneos
ilustraram, na terça-feira, as
dificuldades de Mahmoud Abbas,
presidente da Autoridade Nacional
Palestina, de demonstrar que detém
o efetivo comando sobre a segurança
interna em Gaza e na Cisjordânia.
Em Londres, diante de uma conferência patrocinada pelo primeiro-ministro Tony Blair, da qual participaram os Estados Unidos e duas dezenas de países árabes e europeus,
Abbas prometeu "pôr ordem na casa" e afirmou que dedicava "100%"
de suas energias à neutralização de
grupos palestinos extremistas.
Enquanto isso, em Jenin, na Cisjordânia, o ministro palestino do Interior, Nasser Youssef, recebia um ultimato do dirigente local das Brigadas
dos Mártires de Al Aqsa para que se
retirasse da cidade. As Brigadas são
um grupo terrorista ligado ao Fatah,
que vem a ser o partido ao qual pertence o presidente Mahmoud Abbas.
Há em verdade um esforço internacional, do qual Israel participa ativamente, para que o dirigente palestino
não se desmoralize já no início de
sua gestão como sucessor do desacreditado Iasser Arafat. Ao mesmo
tempo, Abbas dá demonstrações de
fraqueza ao não conseguir deter o
terrorismo. Na última sexta, por
exemplo, um atentado matou cinco
israelenses em Tel Aviv.
Esse incidente foi objeto de um áspero comunicado que os EUA, a
União Européia, a Rússia e as Nações
Unidas divulgaram na terça-feira em
Londres. Essas delegações exigiriam
"ações imediatas e sustentadas" contra os grupos terroristas.
A tarefa é espinhosa. Há uma miríade de órgãos de segurança palestinos ativos nos mesmos territórios diminutos em que se movimentam milícias laicas ou islâmicas predispostas a reagir contra qualquer gesto
amistoso em direção a Israel.
Se entre os palestinos a unanimidade é impossível, que ao menos Abbas
traduza em mais autoridade a maioria que obteve em janeiro nas urnas.
Caso contrário, o Estado palestino
continuará a ser um mero projeto.
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