São Paulo, quinta-feira, 03 de março de 2005

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O DESAFIO DE ABBAS

Dois episódios simultâneos ilustraram, na terça-feira, as dificuldades de Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina, de demonstrar que detém o efetivo comando sobre a segurança interna em Gaza e na Cisjordânia.
Em Londres, diante de uma conferência patrocinada pelo primeiro-ministro Tony Blair, da qual participaram os Estados Unidos e duas dezenas de países árabes e europeus, Abbas prometeu "pôr ordem na casa" e afirmou que dedicava "100%" de suas energias à neutralização de grupos palestinos extremistas.
Enquanto isso, em Jenin, na Cisjordânia, o ministro palestino do Interior, Nasser Youssef, recebia um ultimato do dirigente local das Brigadas dos Mártires de Al Aqsa para que se retirasse da cidade. As Brigadas são um grupo terrorista ligado ao Fatah, que vem a ser o partido ao qual pertence o presidente Mahmoud Abbas.
Há em verdade um esforço internacional, do qual Israel participa ativamente, para que o dirigente palestino não se desmoralize já no início de sua gestão como sucessor do desacreditado Iasser Arafat. Ao mesmo tempo, Abbas dá demonstrações de fraqueza ao não conseguir deter o terrorismo. Na última sexta, por exemplo, um atentado matou cinco israelenses em Tel Aviv.
Esse incidente foi objeto de um áspero comunicado que os EUA, a União Européia, a Rússia e as Nações Unidas divulgaram na terça-feira em Londres. Essas delegações exigiriam "ações imediatas e sustentadas" contra os grupos terroristas.
A tarefa é espinhosa. Há uma miríade de órgãos de segurança palestinos ativos nos mesmos territórios diminutos em que se movimentam milícias laicas ou islâmicas predispostas a reagir contra qualquer gesto amistoso em direção a Israel.
Se entre os palestinos a unanimidade é impossível, que ao menos Abbas traduza em mais autoridade a maioria que obteve em janeiro nas urnas. Caso contrário, o Estado palestino continuará a ser um mero projeto.


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