|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mais critérios
ESTUDO PUBLICADO na semana passada reacendeu o debate em torno da eficiência
de antidepressivos campeões de
vendas como Prozac, Zoloft,
Aropax. De acordo com o trabalho, assinado por Irving Kirsch,
da Universidade de Hull (Reino
Unido), antidepressivos dessa
classe não são melhores que placebo para pacientes com depressão moderada e têm ação muito
discreta em quadros graves.
A novidade do estudo é que ele
usou não só trabalhos publicados, mas também testes não-publicados arquivados pela agência
reguladora de medicamentos
dos EUA, a FDA.
A polêmica acerca dessas drogas é antiga. Remonta ao licenciamento da fluoxetina (Prozac),
nos anos 80. Dos muitos efeitos
adversos graves relacionados a
essas drogas, destaca-se um aparente aumento de suicídios em
pacientes jovens.
Não resta dúvida de que, estimulados por uma propaganda
muitas vezes enganosa, médicos
e pacientes vêm abusando desses
remédios. O consumo mundial
saltou de pouco menos de 3 bilhões de doses em 1995 para
mais de 10 bilhões em 2004.
É preciso, porém, relativizar os
achados de Kirsch. Ele testou as
drogas apenas para quadros depressivos, não para suas várias
outras indicações, que incluem
fobias sociais, síndrome do pânico, transtornos obsessivo-compulsivos, ejaculação precoce e
cessação do tabagismo.
Também há estudos sugerindo
que a introdução desses antidepressivos ajudou a reduzir suicídios de adultos. O Birô de Pesquisa Econômica da América,
analisando dados de 26 países,
concluiu que um aumento de
vendas de uma pílula por pessoa
por ano leva a uma queda de 5%
nas mortes por suicídio.
A controvérsia em torno dos
antidepressivos vai continuar,
mas não há dúvida de que um uso
mais criterioso faria bem à saúde
e ao bolso dos pacientes.
Texto Anterior: Editoriais: São Paulo sem ar Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: De nariz e república Índice
|