São Paulo, segunda-feira, 03 de março de 2008

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FERNANDO DE BARROS E SILVA

De nariz e república

SÃO PAULO - Na terça-feira, em visita a uma multinacional de pneus, Lula estava ao lado do mascote da empresa quando disse que o trabalhador, depois de comprar seu carrinho, deveria "de preferência usar pneus Michelin, para que não fique parado nas ruas deste país".
Na quarta-feira fomos privados dos ensinamentos do nosso guia. Mas na quinta ele voltou em dose dupla. Logo pela manhã, saiu em defesa do seu ministro do Trabalho: "Lupi está mostrando o comportamento mais republicano que um ministro tem mostrado".
E à noite, na própria quinta, foi a vez do destempero no palanque: "Seria bom se o Judiciário metesse o nariz apenas nas coisas dele", vociferou, em resposta a objeções do presidente do TSE, Marco Aurélio Mello, de que o programa social lançado pelo governo possa conflitar com restrições da lei eleitoral.
Lulices, luleimas, luladas. Já nos acostumamos a esse festival de infâmias. Sabemos que o presidente da República não está "mostrando o comportamento mais republicano" quando atua como garoto-propaganda de uma empresa privada. Mas, além disso, se quiser também continuar como garoto-propaganda de Carlos Lupi, convém que enfie antes o nariz nos convênios que seu governo vem firmando por aí.
O problema não se restringe ao PDT. No caso deste -que tal Partido do Trocado?-, está claro a quem quiser ver que uma máfia sindical se apoderou dos repasses dos convênios. É o sindicalismo de resultados da Força Sindical se alimentando das benesses que lhe concede o governo Lula em troca de apoio. Brigaram tanto para descobrir, afinal, que eram todos pelegões.
Ocorre o mesmo com o PC do B -ou Partido Comedor da Bordinha. Os convênios do Ministério do Esporte têm presenteado uma penca de bravos comunistas brasileiros. Como no caso anterior, trata-se de dinheiro público distribuído entre cupinchas e apaniguados.
O Congresso enfiou o nariz na CPI errada. Não é a dos Cartões, é a das ONGs, excelências!


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