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Editoriais
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Emergência no Leste
Fuga de capital externo abala países da Europa Oriental e ameaça levar de roldão grandes
bancos do continente
A CRISE financeira global
atinge os países do Leste Europeu de maneira
muito intensa, sobretudo aqueles com maior necessidade de financiamento externo,
como Ucrânia, Hungria e Estados bálticos. As moedas dessas
nações apresentam aguda desvalorização, fruto da debandada de
aplicadores estrangeiros e da depressão global no crédito.
A onda de ataques especulativos que varre a Europa Oriental,
chamada de ameaça "subprime"
do continente, possui diversas
dimensões interligadas.
Alguns países estimularam as
famílias a tomar empréstimos
imobiliários em moeda estrangeira. Na Hungria, por exemplo,
a maioria das hipotecas está denominada em francos suíços. Em
outros, bancos estrangeiros assumiram o controle dos sistemas
financeiros privatizados após o
colapso dos regimes comunistas.
Por mecanismos desse gênero,
grandes casas bancárias europeias, sediadas em países como
Áustria, Suíça, Holanda e Itália,
descarregaram elevados volumes de empréstimos na Europa
Oriental, notadamente em nações candidatas à admissão na
zona do euro. Bancos austríacos,
por exemplo, sustentam naquela
região montante de crédito equivalente a 80% do PIB da Áustria.
Caso as famílias húngaras deixem de pagar suas hipotecas, o
sistema financeiro austríaco será
diretamente afetado. Um colapso nos países do Leste Europeu,
portanto, tem o potencial de arrastar toda a zona do euro para
uma nova espiral de crise.
A fim de evitar o pior, um grupo de instituições multilaterais,
lideradas pelo Banco de Investimento Europeu, efetuou uma injeção de US$ 31 bilhões nos sistemas financeiros do Leste Europeu. O aporte, contudo, tem se
mostrado insuficiente para auxiliar os países e as empresas da região a enfrentar a crise.
Numa manifestação positiva,
os 27 membros da União Europeia, reunidos no fim de semana
para discutir a ameaça financeira
contra as nações orientais, refutaram as barreiras comerciais
como solução para a crise. A UE
reiterou que o mercado comum é
"o motor da recuperação" e que o
"o protecionismo não é a resposta" para a derrocada.
O bloco, contudo, rejeitou a
criação de um programa de ajuda
de 180 bilhões, proposto pela
Hungria, para recapitalizar o sistema financeiro da Europa
Oriental e reestruturar as dívidas externas. Ficou decidido que
a ajuda será feita caso a caso.
Permanece a sensação de que a
UE pretende apenas ganhar algum tempo, enquanto pressiona
o grupo dos países mais industrializados do mundo (G20) para
que aumente o poder de emprestar dinheiro de emergência do
Fundo Monetário Internacional.
Tempo, contudo, é o ativo mais
precioso nesta crise. Desperdiçá-lo tem custado muito caro.
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