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Editoriais
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Freio nos privilégios
NO RASTRO do chamado
"castelogate", a Mesa da
Câmara dos Deputados
anunciou, há duas semanas, que
aumentaria a transparência no
uso da chamada verba indenizatória. Decidiu divulgar na internet a prestação de contas desse
privilégio a que cada deputado
faz jus para despesas como consultoria e segurança.
Nem sequer foi completado
um terço do período de 45 dias
que a Câmara se autoconcedeu
para colocar em prática a providência -sem que os dados dos
anos anteriores sejam liberados,
ressalte-se-, e já se ensaiam manobras para manter acobertados
os gastos dos congressistas.
Sob o argumento de reduzir
despesas, alguns congressistas
estudam acabar com a verba indenizatória, incorporando parte
do recurso aos salários, conforme esta Folha noticiou. Em vez
de receber até R$ 15 mil mensais
pelo mecanismo, os congressistas teriam R$ 8 mil mensais incorporados ao contracheque
-que alcançaria R$ 24,5 mil.
A iniciativa tem apenas aparência de contenção de despesas.
Representa, de fato, uma forma
de driblar o dever constitucional
dos parlamentares de prestar
contas de suas despesas à sociedade. Além disso, a escalada salarial no topo do Legislativo produziria um abominável efeito
cascata de majorações de vencimentos por todo o Brasil.
Como os salários dos deputados estaduais e dos vereadores
são limitados pelos dos congressistas, a ampliação desta remuneração poderia representar um
rombo de, pelo menos, R$ 1,2 bilhão nos cofres públicos em escala nacional. O valor é 33 vezes
superior à economia anual estimada de R$ 35,7 milhões com o
fim da verba indenizatória. Não
se pode subestimar, ademais, a
"criatividade" de deputados e senadores, plenamente capaz de
recriar uma verba extra, sob
qualquer pretexto, mais à frente.
Em um momento de crise, seria lamentável que o Congresso
abrisse o flanco para tamanha
ampliação de gastos. Ao contrário, cabe à Câmara e ao Senado
ampliar a prestação de todas as
contas e reduzir, drasticamente,
os privilégios distribuídos aos
representantes da população.
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