São Paulo, sábado, 03 de abril de 2004

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IMPASSE NA ALCA

Tudo indica que a agenda estabelecida para as negociações em torno da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) não será cumprida. Ninguém mais parece acreditar que em janeiro de 2005 o acordo será concluído, como estava previsto. "É claro que não haverá Alca no antigo prazo", declarou anteontem o chanceler argentino Rafael Bielsa. Ele esteve presente no mais recente fracasso das tratativas para a formação do bloco -a reunião realizada em Buenos Aires com representantes do Mercosul e dos EUA.
O encontro não apenas acabou em impasse como deixou no ar a sensação de que nenhuma das partes está empenhada em apressar um desenlace. Para o Mercosul, permanece o pleito da liberalização agrícola, algo que os EUA só aceitam discutir no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio). Para os norte-americanos, o ano de campanha presidencial não se mostra especialmente propício a concessões comerciais que possam ser interpretadas como contrárias aos interesses do emprego e da produção locais.
É previsível que o fiasco provoque acusações de ambas as partes. O insucesso de Buenos Aires, no entanto, não destoa muito do panorama das negociações globais travadas no âmbito da OMC. Também ali o quadro é de desentendimento e morosidade.
Nesse cenário, as lideranças do Mercosul começam a mover suas fichas para o tabuleiro das discussões com a União Européia. Também bastante rígida quanto à liberalização agrícola, a Europa estaria se mostrando, apesar disso, mais flexível na oferta de contrapartidas.
Seria de fato um bom sinal se europeus e sul-americanos conseguissem avançar num acerto comercial. Não se deve, no entanto, nutrir ilusões a respeito. A cautela recomenda que se aguardem os resultados da reunião que terá lugar entre representantes das duas partes em Bruxelas, a partir do próximo dia 15.


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