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IMPASSE NA ALCA
Tudo indica que a agenda estabelecida para as negociações
em torno da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) não será cumprida. Ninguém mais parece acreditar que em janeiro de 2005 o acordo
será concluído, como estava previsto. "É claro que não haverá Alca no
antigo prazo", declarou anteontem o
chanceler argentino Rafael Bielsa.
Ele esteve presente no mais recente
fracasso das tratativas para a formação do bloco -a reunião realizada
em Buenos Aires com representantes
do Mercosul e dos EUA.
O encontro não apenas acabou em
impasse como deixou no ar a sensação de que nenhuma das partes está
empenhada em apressar um desenlace. Para o Mercosul, permanece o
pleito da liberalização agrícola, algo
que os EUA só aceitam discutir no
âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio). Para os norte-americanos, o ano de campanha presidencial não se mostra especialmente propício a concessões comerciais que possam ser interpretadas
como contrárias aos interesses do
emprego e da produção locais.
É previsível que o fiasco provoque
acusações de ambas as partes. O insucesso de Buenos Aires, no entanto,
não destoa muito do panorama das
negociações globais travadas no âmbito da OMC. Também ali o quadro é
de desentendimento e morosidade.
Nesse cenário, as lideranças do
Mercosul começam a mover suas fichas para o tabuleiro das discussões
com a União Européia. Também
bastante rígida quanto à liberalização agrícola, a Europa estaria se
mostrando, apesar disso, mais flexível na oferta de contrapartidas.
Seria de fato um bom sinal se europeus e sul-americanos conseguissem avançar num acerto comercial.
Não se deve, no entanto, nutrir ilusões a respeito. A cautela recomenda
que se aguardem os resultados da
reunião que terá lugar entre representantes das duas partes em Bruxelas, a partir do próximo dia 15.
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