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BENEFÍCIO COM CRITÉRIO
Embora cresça cerca de 10%
ao ano, o Benefício de Prestação
Continuada (BPC) carece de aprimoramentos. O programa federal de
transferência de renda voltado a idosos e deficientes físicos que tenham
dificuldades de inserção no mercado
de trabalho atende hoje a cerca de 2,1
milhões de brasileiros, mas poderia
beneficiar uma parcela mais expressiva da população. Pessoas atendidas
pelo BPC recebem um salário mínimo mensal do governo.
O principal problema, a julgar por
estudo realizado pela Universidade
de Brasília, está nos critérios de seleção adotados pelos 3.000 peritos do
INSS. Tais médicos, segundo os autores do estudo, adotam padrões
exageradamente restritivos e terminam por conceder o benefício apenas a portadores de deficiências muito graves. Essa conduta explica-se
em parte pela ausência de critérios
claros para a orientação dos peritos.
Distorções como essa precisam ser
corrigidas. Não é certamente uma tarefa impossível a elaboração de uma
tabela definindo parâmetros a serem
seguidos na análise dos casos. Entre
eles, consta o chamado critério da
funcionalidade. Recomendado pela
Organização Mundial da Saúde, esse
princípio leva em conta o contexto
social em que vivem os deficientes físicos, para avaliar o quanto suas limitações obstruem sua inserção no
mercado de trabalho.
Um decreto para realizar essas correções está em fase de elaboração no
Ministério da Previdência. É de esperar que ele não demore a ser assinado. É indispensável, porém, que sua
vigência seja acompanhada pelo
aprimoramento dos controles sobre
a destinação do benefício. É preciso
instituir mecanismos sistemáticos
de fiscalização, como sindicâncias
por amostragem, para evitar o desvio
de recursos. Do contrário, é duvidoso que o programa possa expandir-se de forma justa e sustentável.
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