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FERNANDO RODRIGUES
O fator Maluf
BRASÍLIA - Com José Serra aparentemente fora da disputa pela Prefeitura
de São Paulo, sobra apenas um fator
imponderável na mais importante
eleição de 3 de outubro. Trata-se da
decisão de Paulo Maluf de entrar ou
não no páreo.
Maluf tem obstáculos azedos pela
frente. Está enredado no escândalo
das contas na Suíça. Já perdeu várias
eleições seguidas. Há também alguma resistência contra ele na direção
nacional de seu partido, o PP (ex-Arena, PDS, PPR e PPB).
Petistas dizem torcer pela entrada
de Maluf na disputa. É o candidato
dos sonhos de Marta Suplicy. Seria
fácil derrotá-lo no segundo turno. Há
um fundo de verdade nessa tese, mas
o cenário atual ainda é incerto.
Maluf tem 72 anos. Só ganhou uma
eleição direta para um cargo executivo na vida: prefeito de São Paulo, em
1992, contra um fortíssimo senador
Eduardo Suplicy e uma administração petista (Luiza Erundina).
Se for vencedor neste ano, Maluf será ressuscitado pelas mãos do PT pela
segunda vez. É grande a responsabilidade de Marta Suplicy e dos petistas.
Seria um vexame perder para um
candidato que classificam desde sempre de "café-com-leite".
Outro aspecto a ser considerado é a
configuração da política nacional de
hoje na comparação com outubro de
2000, quando o PT ganhou a prefeitura paulistana. No confronto entre
Marta e Maluf naquele segundo turno, o então governador Mário Covas
antecipou-se e fez uma declaração
emocionada a favor da petista.
Agora, tudo mudou. É ruim para os
tucanos que a Prefeitura de São Paulo fique com o PT. Com Marta no comando da cidade, o PSDB terá mais
dificuldade em 2006 na eleição estadual e na disputa presidencial.
Em outubro próximo, não haverá
um tucano de alguma relevância que
se levante para apoiar o PT em São
Paulo. Seria suicídio político. Nada
indica também que o PSDB vá
apoiar Maluf. Mas a neutralidade já
pode ser muita coisa para o ex-prefeito, que parece esperar pelo menos por
isso para entrar na disputa.
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