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FERNANDO RODRIGUES
Bolívia e reeleição
BRASÍLIA - Ontem de manhã em
Brasília já era possível ver alguns políticos de oposição salivando diante
da estripulia autóctone promovida
pela Bolívia. Vai ser o apagão do Lula, diziam. Não tão rápido.
A Bolívia nacionalizou a produção
local de petróleo e derivados. O Brasil
é o maior comprador. A Petrobras
despejou US$ 1,5 bilhão em investimentos por lá. Empresas brasileiras
estão preocupadas com o fornecimento de gás. Consumidores domésticos podem ser afetados em uma de
suas necessidades mais básicas: energia para fazer comida.
Esses elementos apenas indicam
um possível cenário explosivo. O aumento do preço do gás corrói o humor de milhões de consumidores-eleitores. Sentirão o peso no bolso a
menos de cinco meses da eleição.
Ocorre que ainda não está claro
quando e como será a possível alta no
preço. Desabastecimento já se sabe
que não haverá. A Bolívia não tem
para quem vender o seu produto.
Empresa com ações negociadas em
Bolsa de Valores, a Petrobras não pode fazer benemerência patriótica e
optar por não repassar os custos
maiores para os consumidores. Seria
um escândalo até para os padrões do
PT e do governo Lula.
Mas a administração federal tem
como adotar medidas compensatórias. Aumentou o preço da matéria-prima? O governo reduz o imposto
sobre gás, ainda que de maneira temporária. Esse tipo de saída era ouvido
ontem entre os políticos governistas
-mesmo que a maioria não entendesse exatamente a natureza e a extensão da crise.
No meio do problema, Lula terá
sua grande chance de operar algo positivo na política externa depois de
anos de muito foguetório e pouco resultado. Se o petista encontrar uma
saída satisfatória para esse episódio,
poderá ganhar outro argumento para sua campanha reeleitoral. A ver.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
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