São Paulo, quarta-feira, 03 de maio de 2006

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FERNANDO RODRIGUES

Bolívia e reeleição

BRASÍLIA - Ontem de manhã em Brasília já era possível ver alguns políticos de oposição salivando diante da estripulia autóctone promovida pela Bolívia. Vai ser o apagão do Lula, diziam. Não tão rápido.
A Bolívia nacionalizou a produção local de petróleo e derivados. O Brasil é o maior comprador. A Petrobras despejou US$ 1,5 bilhão em investimentos por lá. Empresas brasileiras estão preocupadas com o fornecimento de gás. Consumidores domésticos podem ser afetados em uma de suas necessidades mais básicas: energia para fazer comida.
Esses elementos apenas indicam um possível cenário explosivo. O aumento do preço do gás corrói o humor de milhões de consumidores-eleitores. Sentirão o peso no bolso a menos de cinco meses da eleição.
Ocorre que ainda não está claro quando e como será a possível alta no preço. Desabastecimento já se sabe que não haverá. A Bolívia não tem para quem vender o seu produto.
Empresa com ações negociadas em Bolsa de Valores, a Petrobras não pode fazer benemerência patriótica e optar por não repassar os custos maiores para os consumidores. Seria um escândalo até para os padrões do PT e do governo Lula.
Mas a administração federal tem como adotar medidas compensatórias. Aumentou o preço da matéria-prima? O governo reduz o imposto sobre gás, ainda que de maneira temporária. Esse tipo de saída era ouvido ontem entre os políticos governistas -mesmo que a maioria não entendesse exatamente a natureza e a extensão da crise.
No meio do problema, Lula terá sua grande chance de operar algo positivo na política externa depois de anos de muito foguetório e pouco resultado. Se o petista encontrar uma saída satisfatória para esse episódio, poderá ganhar outro argumento para sua campanha reeleitoral. A ver.


@ - frodriguesbsb@uol.com.br


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