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Finanças reguladas
Países do G20 se desentendem sobre regras para bancos, mas evoluem para ampliar legitimidade do FMI
SÃO DUAS as frentes do
atual debate no âmbito do
G20, o grupo dos principais países ricos e emergentes, sobre as reformas na regulação financeira global.
A primeira busca criar regras
para bancos e outras instituições
financeiras que minimizem os
riscos de crises sistêmicas. A segunda diz respeito a mudanças
nos organismos financeiros multilaterais, principalmente o FMI
e o Banco Mundial, para aumentar a representatividade dos países em desenvolvimento e, com
isso, reduzir o deficit de legitimidade dessas instituições.
Os pontos menos controversos
da regulação financeira em debate são a necessidade de ampliar o
capital mínimo usado pelos bancos como base para seus empréstimos, a adoção de melhores práticas para evitar a exposição excessiva a riscos e a harmonização
dos padrões de contabilidade.
Em outros temas ainda há desacordo, como ficou claro na última reunião dos ministros das
finanças do G20.
O ponto nevrálgico é a taxação
dos bancos. Dias antes do encontro, o FMI propôs a criação de
"uma contribuição justa e substancial do setor financeiro" para
custear a eventual necessidade
de um novo "resgate". A proposta foi apoiada por aqueles que estiveram no epicentro da crise de
2008 e 2009 -EUA, Inglaterra e
União Europeia.
Mas houve repúdio por parte
de países que não comprometeram dinheiro público na crise e
que consideram injusta a aplicação de uma regra global. O Canadá considerou tal solução como
uma potencial violação de soberania. O Brasil também se posicionou contra. Não deixa de ser
uma ironia que EUA e Inglaterra
sejam hoje os países mais intervencionistas, movidos pelo imperativo político de dar satisfações a um público descontente.
Provavelmente haverá concordância nos temas básicos, o que
já é um avanço, mas muitos outros permanecerão em aberto e,
em última instância, a cargo dos
governos nacionais.
Quanto às mudanças no FMI,
desde 2006 está em curso uma
revisão das participações nacionais, que ocorrerá em etapas.
Haverá maior relação com o peso
econômico, com aumento da
participação -e do voto- de vários países em desenvolvimento.
Mas a conquista definitiva da
legitimidade, necessária para
que o FMI se coloque como núcleo da coordenação monetária e
financeira no novo contexto
mundial, ainda depende de reformas mais profundas.
O fim do poder de veto ainda
conferido aos EUA em decisões
fundamentais e a adoção de critérios de mérito para a escolha
do diretor-gerente (reservada a
um europeu) são exemplos destas reformas. Trata-se de uma
agenda de longo prazo. Dela pode resultar uma melhor coordenação internacional, com efeitos
positivos para o crescimento da
economia mundial.
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