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Mudanças no Reino Unido
A CRISE econômica do ano
passado e os escândalos
concomitantes de desvio
de verbas no Parlamento, que
atingiram igualmente o governo
e a oposição, se conjugaram para
criar um clima de mudanças políticas no Reino Unido.
Os britânicos vão às urnas na
próxima quinta-feira divididos.
Por uma pequena margem, os
conservadores lideram a corrida
sucessória. David Cameron e o
atual premiê, o trabalhista Gordon Brown, no entanto, viram-se
forçados a dividir a preferência
do eleitorado com os liberais-democratas -legenda tradicionalmente relegada a um papel acessório no estrito sistema de voto
distrital britânico, que favorece a
polarização bipartidária.
Seu candidato, Nick Clegg, se
apresenta como alternativa ao
establishment. Seja qual for o resultado da eleição, sua figura esguia e plastificada, que parece
moldada para as câmeras, já encarna uma mudança significativa. Pela primeira vez os líderes
partidários se enfrentaram em
debates televisivos no país. A fórmula tem favorecido Clegg.
Mas não se pode descartar a
possibilidade de outra mudança.
O voto majoritário, em que cada
distrito escolhe seu representante, impede a reprodução, na Câmara dos Comuns, das preferências agregadas nacionais.
No último pleito nacional, trabalhistas e conservadores conseguiram, cada um, cerca de 30%
dos votos. Na disputa distrito a
distrito, no entanto, a legenda de
Brown teve larga vantagem, conquistando mais da metade dos
assentos no Parlamento.
Os liberais-democratas, com
mais de 20% dos votos, fizeram
apenas um décimo dos representantes. Daí que sempre tenham
defendido uma reforma do sistema eleitoral.
Se é incerto o futuro dessa proposta, certamente uma modificação importante, desde já, merece ser registrada nas eleições
britânicas. De forma surpreendentemente tardia, com as vantagens e problemas que se conhecem, a linguagem televisiva
passa a ter papel preponderante
na vida política de uma das mais
antigas democracias do mundo.
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