São Paulo, segunda-feira, 03 de maio de 2010

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Editoriais

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Mudanças no Reino Unido

A CRISE econômica do ano passado e os escândalos concomitantes de desvio de verbas no Parlamento, que atingiram igualmente o governo e a oposição, se conjugaram para criar um clima de mudanças políticas no Reino Unido.
Os britânicos vão às urnas na próxima quinta-feira divididos. Por uma pequena margem, os conservadores lideram a corrida sucessória. David Cameron e o atual premiê, o trabalhista Gordon Brown, no entanto, viram-se forçados a dividir a preferência do eleitorado com os liberais-democratas -legenda tradicionalmente relegada a um papel acessório no estrito sistema de voto distrital britânico, que favorece a polarização bipartidária.
Seu candidato, Nick Clegg, se apresenta como alternativa ao establishment. Seja qual for o resultado da eleição, sua figura esguia e plastificada, que parece moldada para as câmeras, já encarna uma mudança significativa. Pela primeira vez os líderes partidários se enfrentaram em debates televisivos no país. A fórmula tem favorecido Clegg.
Mas não se pode descartar a possibilidade de outra mudança. O voto majoritário, em que cada distrito escolhe seu representante, impede a reprodução, na Câmara dos Comuns, das preferências agregadas nacionais.
No último pleito nacional, trabalhistas e conservadores conseguiram, cada um, cerca de 30% dos votos. Na disputa distrito a distrito, no entanto, a legenda de Brown teve larga vantagem, conquistando mais da metade dos assentos no Parlamento.
Os liberais-democratas, com mais de 20% dos votos, fizeram apenas um décimo dos representantes. Daí que sempre tenham defendido uma reforma do sistema eleitoral.
Se é incerto o futuro dessa proposta, certamente uma modificação importante, desde já, merece ser registrada nas eleições britânicas. De forma surpreendentemente tardia, com as vantagens e problemas que se conhecem, a linguagem televisiva passa a ter papel preponderante na vida política de uma das mais antigas democracias do mundo.


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