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Crise no campo
NO DIA 25 de maio, o governo anunciou o terceiro
pacote de medidas de socorro à agricultura num espaço
de menos de dois meses.
O pacote se compôs de medidas de impacto mais imediato
-como renegociações de dívidas
e aumento de recursos para financiar o setor- e de medidas
estruturais, como uma reformulação do seguro rural; a criação
de um fundo a ser mobilizado em
momentos de crise do setor;
mais recursos para a garantia de
preços e reforço nos mecanismos de proteção dos produtores
a oscilações de preços. Estima-se
que o impacto dos sucessivos pacotes sobre o Tesouro Nacional
chegue a R$ 15 bilhões em cinco
anos.
Embora tenham sido recebidas com alívio pelos produtores
rurais, as novas medidas não foram suficientes para aplacar de
modo duradouro seus reclamos.
Tanto que, anteontem, o ministro da Fazenda, pressionado
num evento com ruralistas, admitiu a possibilidade de que sejam ampliadas as iniciativas de
amparo ao campo.
Os diagnósticos da nova crise
no campo brasileiro são unânimes em apontar a grande apreciação cambial como um fator
central para a perda de rentabilidade e a descapitalização do setor. Dado o peso dessa influência
adversa, não surpreende que o
setor receba as iniciativas recentes do governo como meros paliativos. Não se pode alegar que
uma crise rural induzida por forte apreciação da moeda seja um
fenômeno novo. Basta constatar
que a recente renegociação inclui dívidas que vêm sendo prorrogadas desde 1995, período em
que outra rodada de forte valorização da moeda lançou o campo
em graves dificuldades.
A transferência, mais uma vez,
de parte das perdas do campo ao
conjunto da sociedade poderia
ter sido evitada ou amenizada
caso as autoridades tivessem gerido o câmbio de modo menos
temerário. Que sirva de lição.
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