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CARLOS HEITOR CONY
O mistério das ossadas
RIO DE JANEIRO - Até que enfim. Já disseram que a humanidade,
que tanto progrediu em valores materiais e tecnológicos, não progrediu em valores morais e espirituais
porque não conseguiu desvendar
mistérios de sua história -e aí entram o Santo Graal, que, até hoje,
ninguém achou, e a ossada de Dana
de Teffé, que, na minha opinião,
emperra o desenvolvimento nacional e a felicidade geral da nação,
com ou sem o hexacampeonato.
Descobriram agora a ossada de
um jornalista assassinado em 2003,
um de seus seqüestradores deu o
serviço. Há seguramente muitas
outras ossadas em solo nacional:
bandidos comuns, contestadores
do regime militar de 64, adúlteras
que foram enterradas por maridos
ciumentos e bem-sucedidos, se não
na cama, no crime.
Dana de Teffé escapa de tudo isso. Não era bandida, nem mulher
infiel na ocasião de sua morte. Nem
guerrilheira, embora tenha sido espiã de alemães, russos, ingleses e
mexicanos. Foi também bailarina
clássica, casou-se com um brasileiro e veio riquíssima desfrutar o paraíso tropical. Juntou-se a um advogado esperto que, tudo indica, a
matou e enterrou seu corpo em lugar até hoje ignorado. Durante meses, polícia e jornais buscaram a sua
ossada. O advogado não pode ser
condenado porque o corpo da vítima nunca foi encontrado.
A partir daí, conseguimos muita
coisa: conquistamos cinco campeonatos mundiais, temos auto-suficiência em petróleo, um brasileiro
foi ao espaço, tivemos três campeões de Fórmula Um, elegemos
um operário para a Presidência da
República.
Mas estamos longe da bem-aventurança. Continuamos com mais
problemas do que soluções. Enquanto não descobrirmos a ossada
de Dana de Teffé, outras ossadas serão descobertas e não iremos para a
frente.
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