São Paulo, sábado, 03 de junho de 2006 |
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FERNANDO RODRIGUES 2006 já era BRASÍLIA - Nunca uma campanha presidencial pós-ditadura militar deu sinais de decantação tão rapidamente como a atual. Nos pleitos de 1989, 1994, 1998 e 2002, o
quadro ainda estava aberto no mês
de junho. Desta vez, a impressão geral é de que a fatura já está liqüidada. Lula vence no primeiro turno
em todos os cenários possíveis.
É cedo para saber se essa tendência vai se cristalizar, mas há indícios
de que os políticos já pensam apenas em 2010, quando o assunto é
Palácio do Planalto.
Uma evidência é o baixo número
de candidatos a presidente. Por enquanto, seguros, só três: Lula, Alckmin e Heloísa Helena.
As agremiações estão mais preocupadas em sobreviver. A partir de
2007, só terão amplo acesso à TV,
ao dinheiro do fundo partidário e à
nomeação de líderes no Congresso
os partidos que receberem mais de
5% dos votos para deputado federal. É a cláusula de desempenho.
A cena política ficará livre de algumas de suas indesejáveis áreas de
sombra. Os 29 partidos hoje com
registro definitivo devem ser reduzidos a cerca de seis ou sete com poder político real em Brasília.
Já em 2002, PT, PSDB, PFL e
PMDB obtiveram, juntos, 59,4% de
todos os votos para a Câmara dos
Deputados. Agora, essa concentração deve aumentar. Isso significa
que Lula, se for reeleito, será o primeiro presidente da República pós-regime militar a governar com um
Congresso no qual haverá apenas
meia dúzia de líderes partidários
-terá muito mais facilidade para se
relacionar com deputados e com senadores.
Em 2007, em tese, a consolidação
do sistema político-partidário permitirá que o Congresso seja mais
produtivo. A oposição terá sua
chance de construir um discurso
mais substantivo para 2010. Até
porque, tudo indica, 2006 já era.
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