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ELIANE CANTANHÊDE
Procuram-se boias
BRASÍLIA - Como chefe da Casa Civil, Antonio Palocci saiu do lançamento do Brasil sem Miséria antes
de Dilma e pelos fundos. Como ministro de fato da articulação política, não pôde sequer ir ao almoço da
presidente com os senadores do
PMDB. Como petista, criou um dilema para a Executiva do PT: fazer ou
não nota em seu apoio.
O que se pode deduzir? Que, ao
contrário do que querem fazer crer
os governistas, o problema deixou
de ser "pessoal" -de Palocci- e
passou a ser do governo e da própria Dilma. Quanto mais o tempo
passa, mais constrangedora é a situação. E sem luz no fim do túnel.
Se Palocci não fala, seu silêncio é
ensurdecedor. Se falar hoje, sua fala será emudecedora. A não ser, claro, que explique tudo o que não
conseguiu explicar em três semanas, desde que a Folha escancarou
que seu patrimônio se multiplicara
por 20, incluindo um apartamento
maneiro de R$ 6,6 milhões.
Era a história de uma crise anunciada. Quem fica horrorizado com a
filha de Fujimori concorrendo a
presidente do Peru deveria igualmente ficar com o pulo do gato de
Palocci. Ele caiu do governo Lula
(depois das malas de dinheiro, da
casa esquisitona em Brasília e da
quebra do sigilo do caseiro Francenildo) e voltou a subir a rampa do
Planalto como homem forte de Dilma. Não podia dar certo. A surpresa
é que foi cedo demais, já no primeiro semestre de governo.
Com Palocci jogado ao mar, o ministro político Luiz Sérgio carimbado indelevelmente como "garçom"
(o que só anota os pedidos), o líder
do governo na Câmara, Cândido
Vaccarezza, ainda digerindo a derrota do Código Eleitoral, e o do PT,
Paulo Teixeira, engolido pela insignificância, quem ocupa o vácuo? O
PT é que não é.
Sobram o PMDB, que lambe os
beiços depois do almoço com Dilma, e Gilberto Carvalho, em ascensão. O governo Dilma está cada vez
mais com cara de governo Lula.
Mas sem Lula.
elianec@uol.com.br
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