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Crédito e emprego
Demanda do consumidor continua a impulsionar o crédito no país; fraco desempenho do emprego preocupa
O ESTOQUE de empréstimos concedidos pelos
bancos alcançou R$
786,1 bilhões em maio
de 2007, o equivalente a 32% do
PIB (Produto Interno Bruto).
Segundo o Banco Central, trata-se do mais longo ciclo de crédito
desde a euforia ocorrida após o
lançamento do Plano Real.
O apetite dos consumidores
persiste liderando a expansão.
Entre janeiro e maio, as linhas de
crédito pessoal (incluem consignado) cresceram 14%; o financiamento imobiliário, 28%; e o cheque especial, 21%. As operações
de leasing para pessoas físicas
-funcionam como uma espécie
de aluguel do bem que será comprado- ampliaram-se 33,6%. O
dinamismo nesse mercado está
relacionado à expansão das vendas de automóveis e ao menor
risco da operação.
As concessões de novos empréstimos para pessoas físicas
cresceram 15,5% no ano, enquanto para as corporações subiram apenas 0,6%. Essa maior
disposição dos consumidores para tomar recursos emprestados
está sendo estimulada pelo alongamento dos prazos e a redução
das taxas de juros.
O prazo médio nas operações
de crédito para as pessoas físicas
alcançou 398 dias, o maior patamar desde agosto de 2000. As taxas médias de juros caíram para
48,6% em maio de 2007, a menor
desde julho de 1994, mas ainda
exageradamente acima dos padrões internacionais.
Para as empresas, o cenário de
estabilidade econômica e continuidade da queda das taxas de
juros -24,3% ao ano, em média,
em maio- sinaliza a perspectiva
de uma expansão do crédito de
longo prazo. Há indicações de
que algumas corporações estariam tomando crédito para melhorar suas estruturas de dívidas,
aproveitando inclusive a ampla
liquidez internacional, outras estariam aumentando as captações
no mercado de crédito (doméstico e externo) e no de capitais
(ações e dívidas) para ampliar a
capacidade produtiva.
Segundo o BC, em torno de
18,2% dos créditos para as empresas são classificados como de
longo prazo. Algumas linhas do
BNDES, em cooperação com os
bancos privados, têm contribuído para a extensão de prazos. O
financiamento para o setor elétrico, por exemplo, que era de
dez a 12 anos, teve o prazo estendido para 18 anos.
O banco estatal está traçando
uma estratégia para contornar a
possível escassez de fundos caso
a demanda por empréstimos ultrapasse o orçamento deste ano
(entre R$ 58 bilhões a R$ 61 bilhões). Vale lembrar que, nos últimos cinco anos, houve sobra de
recursos no banco estatal, causada, pelo menos em parte, por falta de demanda.
A despeito de juros ainda muito altos e prazos curtos, a expansão do crédito impulsiona as
vendas e a retomada dos investimentos. A nota mais preocupante ainda é o ritmo modesto de geração de postos de trabalho. A
explosão do crédito ao consumo
ficará limitada no tempo se a taxa de desemprego não diminuir
sensivelmente no médio prazo.
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