São Paulo, terça-feira, 03 de julho de 2007

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Crédito e emprego

Demanda do consumidor continua a impulsionar o crédito no país; fraco desempenho do emprego preocupa

O ESTOQUE de empréstimos concedidos pelos bancos alcançou R$ 786,1 bilhões em maio de 2007, o equivalente a 32% do PIB (Produto Interno Bruto). Segundo o Banco Central, trata-se do mais longo ciclo de crédito desde a euforia ocorrida após o lançamento do Plano Real.
O apetite dos consumidores persiste liderando a expansão. Entre janeiro e maio, as linhas de crédito pessoal (incluem consignado) cresceram 14%; o financiamento imobiliário, 28%; e o cheque especial, 21%. As operações de leasing para pessoas físicas -funcionam como uma espécie de aluguel do bem que será comprado- ampliaram-se 33,6%. O dinamismo nesse mercado está relacionado à expansão das vendas de automóveis e ao menor risco da operação.
As concessões de novos empréstimos para pessoas físicas cresceram 15,5% no ano, enquanto para as corporações subiram apenas 0,6%. Essa maior disposição dos consumidores para tomar recursos emprestados está sendo estimulada pelo alongamento dos prazos e a redução das taxas de juros.
O prazo médio nas operações de crédito para as pessoas físicas alcançou 398 dias, o maior patamar desde agosto de 2000. As taxas médias de juros caíram para 48,6% em maio de 2007, a menor desde julho de 1994, mas ainda exageradamente acima dos padrões internacionais.
Para as empresas, o cenário de estabilidade econômica e continuidade da queda das taxas de juros -24,3% ao ano, em média, em maio- sinaliza a perspectiva de uma expansão do crédito de longo prazo. Há indicações de que algumas corporações estariam tomando crédito para melhorar suas estruturas de dívidas, aproveitando inclusive a ampla liquidez internacional, outras estariam aumentando as captações no mercado de crédito (doméstico e externo) e no de capitais (ações e dívidas) para ampliar a capacidade produtiva.
Segundo o BC, em torno de 18,2% dos créditos para as empresas são classificados como de longo prazo. Algumas linhas do BNDES, em cooperação com os bancos privados, têm contribuído para a extensão de prazos. O financiamento para o setor elétrico, por exemplo, que era de dez a 12 anos, teve o prazo estendido para 18 anos.
O banco estatal está traçando uma estratégia para contornar a possível escassez de fundos caso a demanda por empréstimos ultrapasse o orçamento deste ano (entre R$ 58 bilhões a R$ 61 bilhões). Vale lembrar que, nos últimos cinco anos, houve sobra de recursos no banco estatal, causada, pelo menos em parte, por falta de demanda.
A despeito de juros ainda muito altos e prazos curtos, a expansão do crédito impulsiona as vendas e a retomada dos investimentos. A nota mais preocupante ainda é o ritmo modesto de geração de postos de trabalho. A explosão do crédito ao consumo ficará limitada no tempo se a taxa de desemprego não diminuir sensivelmente no médio prazo.


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