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Danos à Fapesp
É CONTRA si mesma que a Fapesp (Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado de São
Paulo) depõe ao suspender financiamento de estudo sobre redução de danos com ecstasy,
após ataques pela imprensa. Alguns criticaram o fato de as pesquisadoras não terem condenado o uso da droga ilícita -limitaram-se a sugerir aos usuários
certas cautelas na sua ingestão.
Ou bem a agência errou ao patrocinar um projeto que era ruim
desde o início, ou erra agora ao
cortar de modo abrupto as verbas com base em opiniões de leigos emitidas de fora da Fapesp.
Não é assim que a ciência deve
funcionar. Se dependesse do que
pensavam seus pares, Copérnico
não teria postulado o modelo heliocêntrico. Se dependesse da
"vox populi", dinheiro público
dificilmente seria destinado a
áreas como a física de partículas,
que demandam recursos vultosos e cuja "utilidade" é difícil explicar até para iniciados.
Para evitar essas dificuldades
se criaram agências como a Fapesp, cuja missão é proceder a
uma avaliação autônoma e técnica de cada projeto apresentado e
decidir se vai ou não financiá-lo.
Estudos equivocados devem ser
suspensos, mas é preciso que o
erro seja atestado pelo próprio
sistema de avaliação "inter pares" da agência, seguindo os melhores protocolos internacionais, e não pelo clamor público.
O conceito de redução de danos é difícil de assimilar. Para alguns, sempre soará como chancela oficial às drogas. Do ponto
de vista da saúde pública, no entanto, trata-se de reconhecer a
complexidade da dependência
-e a relativa intratabilidade em
certas fases- e tentar evitar os
impactos mais deletérios.
É uma estratégia que tem o
aval da OMS, do Ministério da
Saúde, é utilizada em países como Holanda, Reino Unido e Canadá e já se provou útil, por aqui,
para reduzir a incidência de infecções pelo vírus da Aids.
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