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Hackers em ação
O Brasil oferece um cenário
quase ideal para os hackers, piratas eletrônicos que usam seus conhecimentos de informática para
violar sistemas, obter dados sigilosos e outras atividades ilegais.
Os órgãos do governo federal de
investigação e prevenção de crimes eletrônicos são incipientes e
pouco equipados. A legislação,
defasada, torna difícil punir os infratores mesmo na hipótese de
que sejam encontrados.
Um futuro Centro de Defesa Cibernética ainda está em estágio
embrionário e só deve ser instalado no segundo semestre deste
ano. Dos cem profissionais previstos, só 20 trabalham no momento.
Sob o aspecto legal, o cenário
não é menos desolador. Um projeto que tramita no Congresso desde
1999 estabelece penas para crimes
cibernéticos. Encontra-se parado
na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados.
Como não existe um artigo específico no Código Penal para punir o acesso ilegal a redes de computadores, a polícia alega que só
consegue enquadrar os infratores
em normas vagas, como "atentado a serviço de utilidade pública".
A futura lei deve levar em conta
as mudanças tecnológicas dos últimos anos. O objetivo tem de ser a
punição de bandidos do mundo
virtual, não a criminalização de
quem faz uso da internet para, por
exemplo, baixar músicas.
A ameaça deixou, já faz algum
tempo, o campo das teorias conspiratórias. Nas últimas semanas,
hackers atacaram os sites da Presidência da República, da Petrobras, da Receita Federal, dos ministérios do Esporte e da Cultura,
do Senado Federal e do IBGE.
Os danos, ao que se sabe, foram
restritos, mas nada sugere que isso continue assim. Ataques ao redor do mundo já provaram sua capacidade de provocar estragos. Os
Estados Unidos, onde funciona o
poderoso Comando Cibernético,
passaram a considerar ofensivas
virtuais como "atos de guerra".
À onda de ataques a sites do governo brasileiro vem somar-se a
revelação, pela Folha, de que a
correspondência eletrônica de
Dilma Rousseff foi violada em
2010, quando candidata. O delinquente tenta vender os dados.
A tecnologia perpassa todos os
aspectos da vida cotidiana, da
oferta de energia elétrica ao controle do tráfego aéreo, de mensagens de e-mail a sinais de trânsito.
O governo precisa aproveitar os
alertas recentes para erguer barreiras e mecanismos de defesa
compatíveis com o século 21.
Ao Congresso, cabe legislar a
fim de fornecer os instrumentos
adequados para punir os criminosos. Do contrário, o país continuará vulnerável a alguns cliques.
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