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São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2003

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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES

Arregaçar as mangas, Brasil!

A última semana foi marcada por um forte sentimento de desânimo. Isso não pode acontecer. O Brasil é um país que tem tudo; é uma das economias mais promissoras do mundo.
Compreendo bem o desânimo dos produtores que estão sendo atingidos pela onda de insegurança provocada por invasões e desrespeito a contratos, assim como a frustração dos que assistem aos recuos do governo na aprovação das reformas estruturais, em especial a previdenciária.
Alguns parecem ter chegado ao limite da sua tolerância e, por conta própria ou por ordem de suas matrizes (no caso das empresas multinacionais), anunciam sua disposição de abandonar o Brasil em busca de outras alternativas para seus investimentos. Isso é péssimo -e fatal para o emprego e para a ordem social do futuro.
Ainda que reconheça tudo isso, penso não haver razão para desistir. Ao contrário, chegou a hora de arregaçarmos as mangas e trabalharmos mais. Afinal, na raiz de todos esses movimentos, está a grave deterioração social do nosso país, em especial a falta de emprego, cuja solução exige de todos nós mais empenho, e não menos.
É verdade que, nessas ocasiões, os espertalhões da política e os arautos do caos se aproveitam daqueles que sofrem, da gente que procura trabalho, dos que não têm mais renda e chegam perto do desespero por estarem sem horizontes para si e para seus familiares. É contra esses aproveitadores que devemos agir, para que não alcancem o seu intento, ou seja, o de arruinar o Brasil de forma irreversível.
A crise social e o oportunismo político têm de ser combatidos com a mesma ação -a geração de empregos! Para tanto, temos de continuar trabalhando e enfrentando as dificuldades e prosseguir investindo, com a certeza de que o Brasil é maior do que os aproveitadores.
Serenidade, confiança e patriotismo devem ser redobrados em momento como este. Nós, brasileiros, temos de dar o exemplo aos estrangeiros. Precisamos muito dos capitais externos para construir a infra-estrutura e a base produtiva deste país. Não há a menor dúvida. Por isso os brasileiros têm de mostrar aos estrangeiros que continuam dispostos a trabalhar como nunca e que estão empenhados em mostrar ao mundo que o Brasil é um país sério.
E claro que, ao governo, cabe o importante papel de fazer respeitar as instituições democráticas. Não basta anunciar intenções e lançar ameaças. É preciso agir para que fique bem clara a disposição deste país de manter a legalidade e de prosseguir na dura trajetória de construir uma democracia.
O governo não pode abrir brechas para o desânimo, porque o contágio da desilusão corre muito depressa e se espalha como epidemia. Isso não pode acontecer. Mas os produtores precisam ter a garantia -do governo!- de que poderão trabalhar em paz e, com isso, colaborar para a geração de empregos, que, no final das contas, é o que vai resolver a crise atual.


Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.


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