São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2008

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CLÓVIS ROSSI

De fatos e previsões

SÃO PAULO - Alguma coisa não fecha nos números recentes da economia brasileira. Por partes: 1 - O desemprego de junho foi o menor em 10 anos para esse mês.
Significa, portanto, que há mais pessoas com emprego e, por extensão, com renda, do que havia no ano passado, na mesma altura.
2 - A turma continua tomando crédito com um apetite invejável, mesmo com o aumento dos juros.
Vale a cultura de que não importa o quanto se paga de juros, mas se a prestação cabe ou não no bolso, como disse Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do Banco Central, quando foram divulgados os dados sobre crédito no primeiro semestre (crescimento de 14%).
Se o crédito cresce é porque os consumidores têm confiança em seu próprio taco e, por extensão, ânimo para ir às compras, certo? 3 - Não obstante, a previsão de crescimento da economia para este ano foi reduzida para 4,8% pelo tal de mercado, apesar de, no ano passado, o PIB ter aumentado 5,4%.
Pior: para o ano que vem, a previsão é de medíocres 3,9%.
Tudo bem que previsões -do mercado ou de economistas- foram feitas para serem desmentidas pelos fatos, o que, no Brasil, ocorre com espantosa freqüência.
Ainda assim, é difícil entender o relativo pessimismo da previsão, quando vários fatores reais (e não previsões) levam a supor que daria para repetir, basicamente, o resultado de 2007. A saber: há segurança quanto ao emprego e, portanto, com a renda; há confiança em tomar créditos. Foram esses dois fatores (renda e crédito) que ajudaram muitíssimo no crescimento de 2007.
A menos que os palpiteiros não acreditem na cultura do juro que cabe no bolso e achem que as contínuas elevações das taxas acabarão mais cedo que tarde por derrubar o consumo e o crescimento. A ver.

crossi@uol.com.br


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