São Paulo, segunda-feira, 03 de agosto de 2009

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Editoriais

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Mais equilíbrio

PRINCIPAL PONTO de tensão na América do Sul, as relações da Colômbia com seus vizinhos "bolivarianos" Venezuela e Equador passam por mais um momento delicado. O motivo da discórdia é o reforço da atuação militar norte-americana em território colombiano.
O novo acordo entre os dois países está ligado ao fato de o Equador ter se recusado a renovar a permissão de uso da base de Manta pelos EUA. Já o governo colombiano considera que o apoio de Washington continua sendo indispensável para suplantar a guerrilha. Criticado por Hugo Chávez, o presidente Álvaro Uribe reagiu com a insinuação de que Caracas teria fornecido lança-foguetes para as Farc.
Na semana passada, o presidente Lula manifestou descontentamento com a decisão colombiana e novamente criticou a reativação da Quarta Frota Naval dos EUA para atuar no Atlântico Sul. Ontem, em entrevista à Folha, o chanceler Celso Amorim reafirmou o desconforto do governo brasileiro com as movimentações norte-americanas.
Está certo o Brasil em expressar apreensões sobre o que parece ser uma estratégia de aumento da presença militar da superpotência na região. Não é bom para o continente que se criem desequilíbrios e condições propícias a uma corrida militarista.
É preciso entretanto que o Itamaraty supere a surrada retórica antiamericanista e deixe de tratar Chávez como uma espécie de líder folclórico e inimputável, sempre vítima de interpretações equivocadas, cujas ações nunca representam nenhum tipo de ameaça. Não é demais lembrar que o presidente venezuelano firmou acordos militares com a Rússia e ofereceu instalações para as forças daquele país. O governo brasileiro nada disse.
O Brasil reúne condições de exercer papel relevante no cenário regional e internacional. Mas, sem equilíbrio, o risco é que perca a confiança e o respeito necessários para essa missão.


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