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ELIANE CANTANHÊDE
Bateu asas e voou
BRASÍLIA - E os novos caças da
FAB, hein? Estão voando por aí,
ninguém sabe, ninguém viu.
Lula anunciou a escolha do Rafale francês em 7 de Setembro de
2009, antes do relatório oficial da
Aeronáutica sobre preços, logística, qualidades técnicas, transferência de tecnologia e coisas assim.
Dado o vexame, voltou atrás.
Quando o relatório ficou pronto,
foi aprovado pelo Alto Comando da
FAB no dia 18 de dezembro e enviado por ofício a Nelson Jobim em 5
de janeiro. Criou-se o impasse: o
Rafale ficou em último lugar, atrás
do Gripen NG sueco (em primeiro) e
do F-18 americano (em segundo). E
Jobim passou a fazer um relatório
paralelo, resumindo as mais de
2.000 páginas em meia centena,
para mostrar, por "a" mais "b", que
o Rafale era melhor.
Em todo esse tempo, há inúmeras declarações do ministro e de outras autoridades brasileiras anunciando a escolha oficial do vencedor para daí a algumas semanas,
ou dias. Até agora, nada.
Jobim perdeu um momento espetacular para divulgar o resultado: a combinação de Copa do Mundo com recesso parlamentar, quando só se criticava o Dunga e a vuvuzela. Quem iria gritar contra se fosse o Rafale, o Gripen, ou o F-18?
Agora, no meio da eleição, fica tudo
muito mais complicado. Qualquer
anúncio que Lula faça, ganhe
quem ganhar, irá fatalmente dar
munição para a oposição.
É provável que o presidente tenha considerado os riscos de optar
pelo francês entre a Copa e a eleição
e/ou tenha se aborrecido com o
aliado Nicolas Sarkozy, que lhe puxou o tapete na negociação do acordo nuclear com o Irã.
O fato é que o projeto FX-2 (dos
caças) bateu asas e voou. Possivelmente, até passar a eleição.
Depois da República do Pão de
Queijo e da República das Privatizações, chegamos à República dos
Dossiês. Nem o ministro da Fazenda escapa. Imagina o resto!
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