São Paulo, segunda-feira, 03 de setembro de 2001

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PAINEL DO LEITOR

Sequestro
"A maior discussão pós-sequestro está na atitude do governador Alckmin em ter ido negociar -ou validar o acordo- com o sequestrador. Para os que o defendem, pergunta-se: o governador tomaria tal atitude se fosse outro refém que não "o homem do baú", uma "pessoa especial", como definiu o secretário de Segurança? Pessoas "não-especiais", como os dois policiais que morreram, não mereceram a deferência da presença do governador e do secretário em seus enterros? Aqueles que analisaram o fato friamente e sem conotação política, como os especialistas no assunto, criticaram tal atitude menos por possível insucesso e mais pela abertura de um precedente perigoso."
Laércio Zanini (Garça, SP)

Imposto de Renda
"O secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, se declara contrário à correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física e afirma que a reindexação é um crime contra o país. De fato, a redução da indexação constituiu ponto importante no Plano Real. Sugiro ao governo coerência nas sua posições, não aceitando reindexação. Deste ponto de vista, como explicar as cláusulas indexatórias introduzidas nos contratos que regulamentaram a privatização de telefonia e energia? Aos pobres mortais, assalariados, nega-se o direito de proteção contra os efeitos de modificações do nível de preços; sob o argumento de tornar atrativos setores monopolísticos, esse direito é concedido. É um capital de características distintas, necessita garantia de rentabilidade, mas não aceita correr riscos. Como resultado, o governo se apropria de renda real dos assalariados sem o desgaste de promover elevação de alíquotas. Por outro lado, observa a elevação dos índices de preços e constata qual a contribuição dos preços de serviços como energia e telefonia. São preços que se movem no ambiente de indexação que o próprio governo montou."
Thiago Said Vieira (Campinas, SP)

Leitura
"Causou-me perplexidade o artigo "A leitura dos jornais nos torna estúpidos?" do professor Rubem Alves ("Tendências/Debates", pág. A3, 2/9). Sua opinião sobre a seleção do que se lê pareceu-me irreal, pedante e controversa. Há várias maneiras de ler, dependendo do que e para que se lê. Como comparar a leitura de um jornal ou revista de informações com a de uma obra literária, científica ou filosófica?"
Maria Helena Coutinho de Oliveira
(Brasília, DF)

"Eu só posso ficar feliz quando vejo um artigo do Rubem Alves. Concordo plenamente com ele. Acrescento o fato de que, infelizmente, o número de brasileiros que lêem verdadeiramente um jornal é muito pequeno. Não temos a cultura da leitura. Basta ver que a mídia vive de sensacionalismos para provocar a atenção de meia dúzia de pessoas. Quando há um acontecimento trágico, espetacular, as bancas de jornais vivem cercadas de curiosos aproveitando o exemplar pendurado no varal. Sou professor universitário e constato que a leitura de jornais e revistas é quase nula entre os meus alunos."
Djalma Cano (Ribeirão Preto, SP)

Proerd
"Meu filho chegou da escola com a cartilha do Proerd nas mãos e afirmando que quem usa boné é suspeito porque está querendo esconder o rosto. Isso depois de ter assistido à palestra proferida por policiais em sala de aula. Trata-se de mais uma tentativa equivocada de impor mais um modelo americano de eficácia duvidosa ao nosso sistema. Acho um absurdo retirar da esfera dos psicólogos, pedagogos -enfim, estudiosos- assunto tão importante e entregá-lo nas mãos da polícia, cuja formação é voltada única e exclusivamente à repressão e prevenção. A educação escolar deve ser restrita àquelas pessoas que, além de ter formação e discernimento, saibam lidar com crianças e adolescentes, o que não é simples. Quero que meu filho compreenda os malefícios causados pelas drogas e espontaneamente diga não a elas, e não que seja simplesmente doutrinado a não usá-las."
Renato Miranda (São José dos Campos, SP)

Malan
"Com relação à entrevista de Pedro Malan (Brasil, pág. A10, 2/9), fiquei realmente convencido da insensibilidade do governo FHC no que diz respeito à desigualdade social. Negar que a distribuição desigual de renda no Brasil é fato conhecido de todo o povo brasileiro é realmente ingenuidade. Mas podemos falar com conhecimento de causa, mesmo diante das afirmações públicas do governo de combate à pobreza e atenção à educação e saúde, que as condições mínimas para uma vida social saudável foram colocadas em plano secundário pela atual administração."
Eder Luiz Nogueira (Belo Horizonte, MG)

Reeducação
"A propósito do editorial "Reeducação Curricular" ("Opinião", pág. A2, 2/9), no qual se afirma que não convém que o projeto que institui a obrigatoriedade das disciplinas sociologia e filosofia no ensino médio seja aprovado, penso que o argumento a embasar tal postura é absolutamente falacioso. Em primeiro lugar porque há, sim, cursos superiores nas universidades públicas, de filosofia e ciências sociais, em praticamente todos os Estados. Em segundo porque, se hoje eles não formam especialistas nas disciplinas em número suficiente (aliás, a Folha tem números que comprovem essa informação?), cumpre antes ampliar a formação desses profissionais e não relegar o ensino médio ao treinamento sem reflexão, ao qual está sujeito hoje."
Alberto Tosi Rodrigues, professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Espírito Santo (Vitória, ES)

"Ao contrário do que afirma o editorial "Reeducação Curricular", ensinar português e matemática requer o nível de especialização necessário para ensinar qualquer outra disciplina. Afirmar o contrário é desconhecer as funções que professores de português e matemática devem exercer."
Flávio Galvão Pereira , professor de linguística da Faculdade de Americana e professor de redação do colégio Anglo Campinas (Campinas, SP)

Trabalho escravo
"O Termo de Compromisso subscrito, em 09.04.2001, em Belém/PA, destinado a trabalhadores rurais, objetivou estimular ações que o aparato repressivo não alcançava. As obrigações assumidas pelos proprietários rurais seguem a lei, e a elas se chegou pelo diálogo e persuasão. Não se retirou a Polícia Federal da fiscalização nem se abdicou da requisição de força policial. Seria insanidade fazê-lo. Apenas se procurou criar clima de colaboração com fazendeiros, até agora, com resultados positivos. O compromisso não beneficia os proprietários signatários nem está em descompasso com a lei. Vê-se, assim, que o respeitável artigo "Trabalho Escravo no Brasil" ("Tendências/Debates", pág. A3, 18/7) não se albergou em fundamentos sólidos."
Guilherme Mastrichi Basso, procurador-geral do Trabalho (Brasília, DF)

Tiroteio
"Diferentemente do que foi mencionado na reportagem "Dois morrem durante caçada a sequestrador" (Cotidiano, pág. C1, 30/8), e a título de esclarecimento, informamos que o flat L'Etoile Residence, em Barueri, onde ocorreram os fatos mencionados na matéria, não é administrado atualmente pela rede Parthenon."
Voice Assessoria de Imprensa (São Paulo, SP)

Nota da Redação - A identificação Parthenon L'Étoile foi publicada após consulta ao site www.parthenon-brasil.com.br


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