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MARCHA LENTA
Em 1999 o Plano Plurianual
(PPA) Avança Brasil sucedeu o
Brasil em Ação. Apesar do esforço
publicitário de tentar convencer o
público de que o país, enfim, se movimentava para romper a estagnação
nos investimentos estratégicos, os
resultados do Avança Brasil, como
os de seu antecessor, foram pífios.
Dos 387 projetos que constavam do
programa, o governo, agora, tenta
conferir prioridade na liberação de
verbas a apenas 24 (6%).
Dois pressupostos presentes no
PPA foram derrotados. O primeiro,
de que a estabilização econômica fora assegurada no primeiro mandato
de FHC e que, portanto, o país poderia implementar agenda de desenvolvimento em bases sólidas. O segundo, de que capitais privados viriam
como que por gravidade ajudar a suprimir gargalos na infra-estrutura.
A fragilidade e os altos custos da estabilização mediante câmbio fixo e
juros escorchantes já eram evidentes
no lançamento do Avança Brasil. A
política do real forte sucumbiu em janeiro de 99, revelando os seus enormes passivos fiscais e deteriorando a
capacidade de investimento do setor
público. A progressiva diminuição
do crédito externo, num contexto de
taxas de juros domésticas ainda altas, também acabou por minar a capacidade financeira do setor privado.
A ausência de investimentos públicos não foi suficientemente suprida
pela afluência de capital privado.
Maior exemplo disso foi a crise na
produção e na distribuição de energia elétrica que culminou no racionamento do ano passado e que ceifou,
segundo alguns cálculos, algo em
torno de dois pontos percentuais de
crescimento do PIB.
O malogro do PPA, portanto, não
se revela apenas mais uma promessa
de campanha que não foi cumprida.
É uma evidência de que a estabilização macroeconômica ainda está por
ser completada no Brasil e de que investimentos em infra-estrutura que
deixam de ser feitos -por uma gestão fiscal de má qualidade ou por
uma regulação mal feita- se tornam
vetores que, no futuro, solapam o
crescimento econômico.
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