São Paulo, terça-feira, 03 de setembro de 2002

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O DÓLAR NA RESERVA

A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 1,6 bilhão em agosto. Trata-se do melhor resultado mensal em dez anos. No acumulado do ano, o saldo comercial atingiu US$ 5,4 bilhões. Embora esse resultado decorra de uma queda, em relação a igual período do ano passado, de 6,5% nas exportações e de uma contração de 19% nas importações, se o ritmo for mantido, pode-se alcançar um saldo acima de US$ 7 bilhões no fim do ano.
Aparentemente, as exportações ainda não sofreram o impacto da redução nas linhas externas de financiamento. Mas foram atingidas pela deterioração na demanda por produtos brasileiros nos principais mercados. As empresas recorreram ao crédito doméstico, mais caro, e utilizaram recursos próprios para manter as exportações.
Setembro inicia-se com a boa notícia, por ora isolada, de que bancos estrangeiros voltaram a conceder crédito comercial para empresas brasileiras (Petrobras e Vale). Além disso, o Banco Central promoveu mudanças nas regras para os leilões de financiamento externo, a fim de facilitar o acesso dos exportadores.
A recomposição das linhas de crédito externo é crucial para consolidar o ajuste no balanço de pagamentos. Porém o Banco Central deveria utilizar as reservas internacionais líquidas (excluindo os recursos do FMI) com parcimônia. As intervenções deveriam ter como objetivo reduzir as oscilações bruscas na taxa de câmbio, e não promover valorização substancial da moeda brasileira. É importante aprofundar as transformações na estrutura produtiva, com avanços na substituição de importações, para garantir um saldo comercial sustentável e, assim, diminuir a dependência de capitais externos.
Além disso, o BC deveria procurar deixar um estoque de reservas bem acima do piso acertado com o FMI (US$ 5 bilhões) para facilitar a recomposição das expectativas e a confiança dos investidores no período inicial do novo governo.


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