São Paulo, terça-feira, 03 de setembro de 2002 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES O assunto que falta
CELSO GIGLIO
Esses números extremamente favoráveis escondem uma dura realidade: os municípios têm cada vez mais responsabilidade, mas não estão recebendo recursos em volume suficiente. Por outro lado, têm o reconhecimento da opinião pública. Pesquisa nacional realizada pelo Ibope em 2001 mostra que os municípios são, na visão dos brasileiros, mais bem avaliados do que os Estados e a União no que se refere a quem investe melhor os recursos públicos (25%), quem presta os melhores serviços (37%), qual é mais importantes no dia-a-dia (65%) e quem deveria ficar com a maior parte da arrecadação (47%). Essas dificuldades, em especial a desigual distribuição de recursos entre as três esferas, fizeram com que os municípios organizassem entidades, como a Associação Paulista de Municípios, que lutam há décadas por um maior espaço para os municípios e pelo aperfeiçoamento da gestão pública, único caminho para que o país possa crescer e solucionar as carências dos cidadãos brasileiros. Por isso, é surpreendente que os municípios, com suas responsabilidades, conquistas e desafios, não consigam mais espaço no debate político. No plano de governo dos principais candidatos a presidente, por exemplo, quase nada se discute sobre o papel dos prefeitos na implantação das propostas que cada um tem para o país. Mesmo quando se trata de áreas em que as prefeituras atuam com maior intensidade, como saúde e educação, a menção à importância dos governos locais nos programas dos presidenciáveis é muito discreta, como se eles fossem meros e distantes coadjuvantes administrativos. A realidade, porém, mostra que são os prefeitos que colocam "a mão na massa". O federalismo brasileiro tem evoluído, sem dúvida. Mas existe uma série enorme de providências que poderiam melhorar significativamente a nossa administração pública. As relações intergovernamentais, por exemplo, são pautadas mais pela competitividade do que pela cooperação. Discutir o papel dos municípios e os caminhos da Federação, implementando as mudanças necessárias, pode ser a maneira mais prática, eficiente e barata de começar a resolver nossos problemas. Celso Giglio, 61, coordenador-geral do Fórum Metropolitano de Segurança Pública, é prefeito de Osasco (SP), pelo PSDB, e presidente da Associação Paulista de Municípios. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Jaime Lerner: Seguro contra especuladores Próximo Texto: Painel do Leitor Índice |
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