São Paulo, domingo, 03 de setembro de 2006

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ELIANE CANTANHÊDE

Construir e desconstruir

BRASÍLIA - Até a semana passada, os programas eleitorais de TV pretendiam "construir candidatos". Lula reforçou sua condição de presidente, mostrando o que fez e o que não fez. Alckmin apresentou-se além das fronteiras de São Paulo como o médico de Pindamonhangaba que já foi de tudo um pouco na política. Heloísa Helena berrou contra tudo o que está aí. Cristovam bateu na tecla da educação.
A partir de agora, o objetivo é "desconstruir o adversário". Isso vale mais para a oposição, e Lula é o alvo natural, já que ele é o presidente, disputa a reeleição e está muito à frente dos demais.
Em segundo lugar, bem distante, Alckmin não tinha alternativa: era subir o tom ou subir o tom, como, aliás, previsto para esta fase da campanha desde o início. Já mostrou o que tinha de mostrar dele mesmo, e os programas frios congelam a eleição pró-Lula.
O presidente do PSDB, Tasso Jereissati, anunciou à Folha um ataque em dois flancos, o ético e o econômico -que deu dupla munição à oposição: o crescimento ridículo de 0,5% para o segundo trimestre, aliado à demissão em massa na Volks- de uma região e de um setor muito caros ao PT e a Lula.
O objetivo é criar uma relação de causa e efeito entre as duas coisas e vender, como características do governo, "a farsa, a corrupção e a arrogância", disse o tucano. O presidente do PT, Ricardo Berzoini, tentou reagir diplomaticamente, pregando uma campanha sem guerra. Mas está na alma: "Outro dia, vi um recorte de 50 anos atrás com acusações pesadas contra o pai do senador Tasso Jereissati [ex-senador Carlos Jereissati, do antigo PTB]". Depois: "Ao ler, não concluí imediatamente que as acusações eram verdadeiras". Vem guerra por aí, e os dois lados têm munição. Nem pai escapa. Só falta meter a mãe no meio.


elianec@uol.com.br

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