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ELIANE CANTANHÊDE
Construir e desconstruir
BRASÍLIA - Até a semana passada, os programas eleitorais de TV
pretendiam "construir candidatos". Lula reforçou sua condição de
presidente, mostrando o que fez e o
que não fez. Alckmin apresentou-se
além das fronteiras de São Paulo
como o médico de Pindamonhangaba que já foi de tudo um pouco na
política. Heloísa Helena berrou
contra tudo o que está aí. Cristovam
bateu na tecla da educação.
A partir de agora, o objetivo é
"desconstruir o adversário". Isso
vale mais para a oposição, e Lula é o
alvo natural, já que ele é o presidente, disputa a reeleição e está muito à
frente dos demais.
Em segundo lugar, bem distante,
Alckmin não tinha alternativa: era
subir o tom ou subir o tom, como,
aliás, previsto para esta fase da
campanha desde o início. Já mostrou o que tinha de mostrar dele
mesmo, e os programas frios congelam a eleição pró-Lula.
O presidente do PSDB, Tasso Jereissati, anunciou à Folha um ataque em dois flancos, o ético e o econômico -que deu dupla munição à
oposição: o crescimento ridículo de
0,5% para o segundo trimestre,
aliado à demissão em massa na
Volks- de uma região e de um setor muito caros ao PT e a Lula.
O objetivo é criar uma relação de
causa e efeito entre as duas coisas e
vender, como características do governo, "a farsa, a corrupção e a arrogância", disse o tucano.
O presidente do PT, Ricardo Berzoini, tentou reagir diplomaticamente, pregando uma campanha
sem guerra. Mas está na alma: "Outro dia, vi um recorte de 50 anos
atrás com acusações pesadas contra o pai do senador Tasso Jereissati [ex-senador Carlos Jereissati, do
antigo PTB]". Depois: "Ao ler, não
concluí imediatamente que as acusações eram verdadeiras".
Vem guerra por aí, e os dois lados
têm munição. Nem pai escapa. Só
falta meter a mãe no meio.
elianec@uol.com.br
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