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SERGIO COSTA
Primos entre si
RIO DE JANEIRO - FHC ganhou
duas eleições de Lula. Lula venceu
uma contra candidato apadrinhado
por FHC. Os dois vão para o quarto
confronto, ainda que indiretamente. FHC deu a senha na semana passada para esquentar a campanha:
"É fogo no palheiro!". Lula soltou
fogos para a barulhenta entrada em
cena do ex-presidente.
Mesmo depois de anos no ringue,
FHC e Lula parecem nutrir algum
tipo de inveja um do outro. Deve
haver explicação para esse jogo de
atração e rejeição cíclico e mútuo.
Não foi à toa que os dois ficaram
meio enrolados na passagem da faixa presidencial em 2003. Um desajeito só. Entre uma eleição e outra,
sempre trocam farpas. Mas a temperatura aumenta a cada quatro
anos, quando são eles que representam pólos políticos opostos.
Com os três anos e meio do petista no poder, os dois têm pela primeira vez a chance de comparar
seus governos, seus PIBs, quem
criou mais empregos ou como consumiram as famílias sob gestão de
cada um. Por 12 anos, a dupla ditou
as regras e o ritmo das coisas por
aqui. Afinal, se o país está como está, são eles os maiores responsáveis.
Mas por uma estranha compulsão preferiram, de alguma forma,
sair no tapa outra vez. Os tucanos
ressuscitam fantasmas recentes para assombrar os petistas -Delúbio,
Silvinho Land Rover, Dirceu, Valério, dólares na cueca, o mensalão.
Do lado de Lula, espana-se a poeira
de esqueletos da era FHC, marcada
por privatizações chamadas de privatarias. Mais do que seus PIBs, vão
comparar os estragos.
Um vai tentar mostrar que o outro vendeu o país barato, quase de
graça, entregando anéis e dedos. O
outro, que os amigos do um assaltaram a máquina do Estado, lambuzando-se no poder como novos-ricos. Lembram dois primos de um
antigo programa humorístico do
rádio e da TV. Só que ninguém ri.
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