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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Delinquência e tapetão
SÃO PAULO - O governo e o PT
usam a popularidade de Lula como
biombo para semear a impunidade.
Tem sido assim desde que se recuperaram do mensalão. O escândalo
dos aloprados até hoje permanece
impune, sem solução. E Antônio
Palocci, o maior interessado na violação do sigilo do caseiro Francenildo, é hoje coordenador da campanha de Dilma Rousseff e seu avalista informal junto à turma do PIB.
Mas não se trata apenas de impunidade. Sempre que a realidade lhe
pede satisfação, o governo costuma
reagir com soberba, como se fizesse
um favor à opinião pública. Foi assim, por exemplo, em 2008, quando Dilma dizia ser uma "ficção" o
dossiê, confeccionado na Casa Civil
que ela chefiava, sobre as despesas
pessoais de FHC na Presidência.
Agora, mais uma vez, o governo
se mostra insolente e relapso diante
das evidências de que a Receita se
tornou a moradia da Mãe Joana.
Há, de um lado, o comércio de dados fiscais violados em larga escala; e há, entre eles, a violação do sigilo de figuras ligadas a José Serra,
inclusive o de sua filha empresária.
Tudo nesse episódio é muito grave. Inclusive a reação da campanha
tucana. Ao ir à Justiça Eleitoral para
impugnar a candidatura Dilma,
Serra se agarra ao escândalo como
tábua de salvação para chegar ao
segundo turno. Não se trata de "incriminar a vítima", mas de expor os
interesses de seu açodamento.
Em 2006, havia uma montanha
de dinheiro de origem equívoca para comprar um dossiê. Mas havia,
além disso, Hamilton Lacerda (braço-direito de Mercadante), Freud
Godoy (assessor especial de Lula),
Jorge Lorenzetti (o "churrasqueiro"
oficial), Gedimar Passos (da "inteligência" petista). Pegos fazendo arte, os aloprados tinham rosto e vínculo inequívoco com a campanha.
O crime de agora parece ser até
mais grave, mas, apesar dos antecedentes do PT, os elos com a campanha de Dilma ainda estão por ser
esclarecidos. Ao escandalizar o escândalo da maneira como faz, Serra
contribui para a sua banalização.
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