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CARLOS HEITOR CONY
Temporada de palpites
RIO DE JANEIRO - Pensando
bem, e com exceção de casos isolados nos diversos níveis das eleições
de domingo, os resultados eram
mais ou menos esperados: sobretudo a queda de Lula e a surpreendente arrancada final de Alckmin.
Tenho a impressão de que, se a
eleição fosse daqui a uma semana,
Lula nem chegaria ao segundo turno. Embora não comprometido fisicamente com a novela do dossiê
com que o PT tentava bombardear
o PSDB, Lula pegou as sobras e pegará outras tantas à medida que as
investigações prossigam até uma
apuração final e fatal para o PT.
Curiosamente, o papel de Lula foi
muito mais ambíguo no caso do
mensalão. Ele garantiu e garante
até hoje não ter nada com a corrupção que marcou os últimos meses
de seu primeiro mandato. Quanto
ao dossiê, me parece um fantasma,
pois ninguém viu, ninguém leu,
ninguém sabe se existe mesmo,
mas produziu o fato incontestável
do dinheiro que veio de fora para
dar uma desastrada ajuda aos interesses petistas de torpedear as candidaturas tucanas. É difícil acreditar que Lula esteja envolvido nessa
lambança eleitoral, como é difícil
acreditar que ele esteja inocente
das lambanças anteriores.
Em todo caso, a lambança do dossiê foi de tal ordem que sobrou para
todos do PT, inclusive para seu presidente de honra. Ele terá menos de
um mês para recuperar a sua imagem de traído e abandonado pelo
próprio partido que criou.
Outra consideração a ser feita a
respeito da eleição de domingo é a
divisão que ficou nítida entre dois
Brasis quase antagônicos. A surpreendente votação de Alckmin
não se deve a suas virtudes e feitos,
mas a uma tendência da centro-direita a ocupar o espaço que há décadas estava em poder da centro-esquerda.
Fica aberta a nova temporada dos
palpites.
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