São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2010

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Editoriais

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Hegemonia tucana

Caso se concretize nas urnas, o favoritismo do candidato Geraldo Alckmin para o governo de São Paulo irá representar a continuidade de uma hegemonia peessedebista de mais de 15 anos.
Nesse período, os tucanos executaram em São Paulo parte do projeto de modernização que propugnavam para o país. Mário Covas assumiu em 1995, ano em que Fernando Henrique começou seu primeiro mandato na Presidência.
Predominava então a agenda do ajuste fiscal, após os anos de populismo e desordem inflacionária que se seguiram à ditadura.
Altamente endividado, São Paulo juntou-se ao esforço federal de saneamento das finanças. A União assumiu as dívidas estaduais com o mercado e reescalonou pagamentos. Em contrapartida, o Estado se comprometeu a privatizar bancos e empresas e a observar metas de superavit.
A imagem de administradores responsáveis constituiu-se em trunfo político, mas os tucanos também progrediram em áreas de interesse direto da população.
Na saúde, os gastos não excederam o determinado pela Constituição (12% da receita), mas a gestão ganhou eficiência com os inovadores contratos, baseados em metas, firmados com as chamadas Organizações Sociais.
O êxito foi mais eloquente na área de segurança. No final da década passada, os homicídios no Estado atingiam 35,7 por 100 mil habitantes; após sucessivos anos de queda, chegou-se a taxas em torno de 11 por 100 mil. Fatores demográficos contribuíram para a melhoria, mas não foram as principais causas. Uma série de iniciativas -de investimento em polícia e penitenciárias a ações sociais- reduziu a violência, embora problemas como a atuação de facções em presídios persistam.
Muito ruins foram os resultados colhidos na educação. Se no país o quadro é grave, em São Paulo revelou-se abaixo da média. Um início de recuperação veio a partir de 2007, com a premiação de docentes por mérito e o fomento ao ensino profissionalizante.
Com mais recursos, ampliados pela venda da Nossa Caixa, o governo Serra também avançou em obras de infraestrutura -a exemplo do Rodoanel e do metrô.
Em balanço sucinto, pode-se dizer que a continuidade tucana manteve um bom padrão administrativo. Mas se houve coerência de objetivos estratégicos, não se conseguiu imprimir à sua consecução a necessária pressa nem tampouco se criou um exemplo de impacto nacional.


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