São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2010

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CARLOS HEITOR CONY

Chuva no molhado

RIO DE JANEIRO - Por dever de ofício, acompanhei até o fim o debate entre os quatro principais candidatos à Presidência. Não votarei em nenhum deles, uma vez que sou eleitor emérito, ou seja, aposentado, com o prazo de validade extinto. Mas gostei do debate pelo que representou de prática democrática, embora nunca visse tanta chuva chover no molhado.
Talvez a única exceção tenha sido Plínio Sampaio, por sinal, o de menores chances de chegar lá. Foi aplaudido diversas vezes, evitou o factual e tocou na essência do poder que depende de dinheiro para atacar exatamente o factual abordado pelos demais participantes, que prometeram saneamento básico, educação, saúde e segurança para todos.
Marina saiu-se, como sempre, muito bem, mas recebeu uma farpa que lembrou o mensalão de um governo do qual era ministra. Foi, por sinal, a única referência aos chamados "podres" da era Lula, podres que não o afetaram, uma vez que chegou aos 80% de aprovação popular.
Educadamente, ninguém mencionou o último escândalo da Casa Civil, que poderia colocar Dilma na defensiva, embora até agora nada tenha sido provado contra ela.
Muito boa a atuação de William Bonner como mediador, isento e cumpridor das regras estabelecidas para o debate.
Liberado de escolher um deles, apreciei a seriedade de todos, o tom civilizado e democrático, mas tive um pensamento politicamente absurdo: por que não aproveitar quatro brasileiros, com bom conhecimento dos nossos problemas, para criar um colegiado sob a presidência do mais votado?
Seria uma espécie de parlamentarismo, com os grandes problemas (não os miúdos) analisados por gente competente. O que atrapalha a solução é o apetite dos partidos em busca de cargos e prioridades.


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