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CARLOS HEITOR CONY
Chuva no molhado
RIO DE JANEIRO - Por dever de ofício, acompanhei até o fim o debate
entre os quatro principais candidatos à Presidência. Não votarei em
nenhum deles, uma vez que sou
eleitor emérito, ou seja, aposentado, com o prazo de validade extinto. Mas gostei do debate pelo que
representou de prática democrática, embora nunca visse tanta chuva
chover no molhado.
Talvez a única exceção tenha sido Plínio Sampaio, por sinal, o de
menores chances de chegar lá. Foi
aplaudido diversas vezes, evitou o
factual e tocou na essência do poder que depende de dinheiro para
atacar exatamente o factual abordado pelos demais participantes,
que prometeram saneamento básico, educação, saúde e segurança
para todos.
Marina saiu-se, como sempre,
muito bem, mas recebeu uma farpa
que lembrou o mensalão de um governo do qual era ministra. Foi, por
sinal, a única referência aos chamados "podres" da era Lula, podres que não o afetaram, uma vez
que chegou aos 80% de aprovação
popular.
Educadamente, ninguém mencionou o último escândalo da Casa
Civil, que poderia colocar Dilma na
defensiva, embora até agora nada
tenha sido provado contra ela.
Muito boa a atuação de William
Bonner como mediador, isento e
cumpridor das regras estabelecidas
para o debate.
Liberado de escolher um deles,
apreciei a seriedade de todos, o tom
civilizado e democrático, mas tive
um pensamento politicamente absurdo: por que não aproveitar quatro brasileiros, com bom conhecimento dos nossos problemas, para
criar um colegiado sob a presidência do mais votado?
Seria uma espécie de parlamentarismo, com os grandes problemas
(não os miúdos) analisados por
gente competente. O que atrapalha
a solução é o apetite dos partidos
em busca de cargos e prioridades.
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