|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
EMÍLIO ODEBRECHT
Atuação internacional
Em minha carreira de executivo, que durou mais de 40
anos, um capítulo importante
foi a atuação internacional.
Estávamos em meados da década de 1970 quando decidimos pôr o pé na estrada e vender serviços mundo afora.
Então, contava-se nos dedos o número de empresas
brasileiras dispostas a se
aventurar no exterior.
Neste momento, em que começamos a romper uma certa
e inexplicável timidez e muitas organizações estão seguindo o mesmo caminho, compartilho alguns dos aprendizados proporcionados pelos
êxitos e pelos insucessos que
colhemos.
A melhor estratégia para começar é focar nos países geograficamente próximos, com
os quais tenhamos afinidades
culturais e facilidade de comunicação, fatores essenciais
para uma adaptação mais rápida aos novos ambientes.
Quanto maiores forem as diferenças entre o país de origem e o país cliente, maior será o grau de incertezas do
prestador de serviço ou do exportador de produtos.
Não importam os contextos, é também essencial que
levemos nossa filosofia empresarial conosco, porque, alinhados quanto a valores,
crenças, conceitos, prioridades e resultados, os executivos
expatriados podem receber
delegação que lhes confira autonomia para definir a estratégia dos negócios nos mercados a eles confiados e se pautar por uma verdade: a hierarquia está sempre no cliente,
princípio que faz toda a diferença.
É importante que olhemos
para o comércio mundial como um manancial inesgotável
de oportunidades, mas é desejável que o foco seja na permanência, de modo que o comprometimento com os países
onde a empresa se instala vá
crescendo na medida em que
os anos forem passando.
Nos casos de contratos públicos, não é positivo que autoridades do governo sejam
reconhecidas como o cliente,
mas como representantes do
cliente, que, em última instância, são a sociedade e Estado.
Para permanecer e se tornar
de fato uma empresa "nacional", a formação de talentos
nativos, a transferência de tecnologia, a aplicação de uma
política de sustentabilidade e
a integração à comunidade local são imprescindíveis.
Um efeito importante dessa
última estratégia é a ruptura
psicológica que os expatriados e suas respectivas famílias
experimentam quanto às suas
origens.
A grande maioria passa a
ter uma nova compreensão de
um mundo que, cada vez
mais, reclama a construção de
relações saudáveis de interdependência entre países, empresas, instituições e pessoas.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos
nesta coluna.
emilioodebrecht@uol.com.br
Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Chuva no molhado Próximo Texto: TENDÊNCIAS/DEBATES Ricardo Lewandowski: A escolha dos candidatos Índice | Comunicar Erros
|