São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2010

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EMÍLIO ODEBRECHT

Atuação internacional

Em minha carreira de executivo, que durou mais de 40 anos, um capítulo importante foi a atuação internacional.
Estávamos em meados da década de 1970 quando decidimos pôr o pé na estrada e vender serviços mundo afora.
Então, contava-se nos dedos o número de empresas brasileiras dispostas a se aventurar no exterior.
Neste momento, em que começamos a romper uma certa e inexplicável timidez e muitas organizações estão seguindo o mesmo caminho, compartilho alguns dos aprendizados proporcionados pelos êxitos e pelos insucessos que colhemos.
A melhor estratégia para começar é focar nos países geograficamente próximos, com os quais tenhamos afinidades culturais e facilidade de comunicação, fatores essenciais para uma adaptação mais rápida aos novos ambientes.
Quanto maiores forem as diferenças entre o país de origem e o país cliente, maior será o grau de incertezas do prestador de serviço ou do exportador de produtos.
Não importam os contextos, é também essencial que levemos nossa filosofia empresarial conosco, porque, alinhados quanto a valores, crenças, conceitos, prioridades e resultados, os executivos expatriados podem receber delegação que lhes confira autonomia para definir a estratégia dos negócios nos mercados a eles confiados e se pautar por uma verdade: a hierarquia está sempre no cliente, princípio que faz toda a diferença.
É importante que olhemos para o comércio mundial como um manancial inesgotável de oportunidades, mas é desejável que o foco seja na permanência, de modo que o comprometimento com os países onde a empresa se instala vá crescendo na medida em que os anos forem passando.
Nos casos de contratos públicos, não é positivo que autoridades do governo sejam reconhecidas como o cliente, mas como representantes do cliente, que, em última instância, são a sociedade e Estado.
Para permanecer e se tornar de fato uma empresa "nacional", a formação de talentos nativos, a transferência de tecnologia, a aplicação de uma política de sustentabilidade e a integração à comunidade local são imprescindíveis.
Um efeito importante dessa última estratégia é a ruptura psicológica que os expatriados e suas respectivas famílias experimentam quanto às suas origens.
A grande maioria passa a ter uma nova compreensão de um mundo que, cada vez mais, reclama a construção de relações saudáveis de interdependência entre países, empresas, instituições e pessoas.


EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna.

emilioodebrecht@uol.com.br


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