|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
Troca geracional
SPRINGFIELD - Além da eventual eleição do primeiro negro presidente dos Estados Unidos, os norte-americanos escolhem amanhã
se desejam uma troca geracional na
política do país.
Se elegerem Barack Obama, a Casa Branca será ocupada por um político de 47 que não participou dos
conflitos militares do pós-Guerra
nem do movimento por liberdades
civis dos anos 60.
Já se o eleito for John McCain, 72
anos, terá prevalecido na mente dos
norte-americanos o peso do passado militar, o patriotismo. Um certo
desejo de manter os EUA no papel
de polícia do mundo.
Os comícios dos dois candidatos
estampam com nitidez essa mudança de guarda entre gerações. No
último sábado, em Springfield, uma
cidadezinha da Virgínia, McCain falou para um público pequeno de
3.000 pessoas, majoritariamente
na faixa dos 50 a 60 anos. Faltavam
jovens na platéia.
Em Miami, na Flórida, há duas
semanas, Obama eletrizou multidões de várias idades e etnias. Ele é
o político pós-racial. McCain representa a América caucasiana, tradicional. Os comícios do republicano
são sempre precedidos por orações.
Todos ficam em silêncio, muitos fecham os olhos, ouvem uma prece e
respondem "amém".
Hollywood também traça um
perfil dos candidatos. Sarah Jessica
Parker apóia Obama. Maria Conchita Alonso vota em McCain.
O republicano anima seus comícios com músicas dos anos 80, extraídas da trilha de "Rocky, um lutador". Sente saudades de um mundo que não existe mais, pré-queda
do Muro de Berlim. Sua candidata a
vice, Sarah Palin, se refestela chamando Obama de "socialista".
Trocas de gerações, como se sabe,
podem ser traumáticas. No Brasil,
Ulysses Guimarães foi preterido
em 1989. Escolheu-se o "novo". Para sorte dos EUA, o "novo" aqui parece ser muito menos arriscado.
elianec@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Falcões do serrismo Próximo Texto: Rio de Janeiro - Ruy Castro: Mulher-repolho Índice
|