São Paulo, segunda-feira, 03 de novembro de 2008

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FERNANDO RODRIGUES

Troca geracional

SPRINGFIELD - Além da eventual eleição do primeiro negro presidente dos Estados Unidos, os norte-americanos escolhem amanhã se desejam uma troca geracional na política do país.
Se elegerem Barack Obama, a Casa Branca será ocupada por um político de 47 que não participou dos conflitos militares do pós-Guerra nem do movimento por liberdades civis dos anos 60.
Já se o eleito for John McCain, 72 anos, terá prevalecido na mente dos norte-americanos o peso do passado militar, o patriotismo. Um certo desejo de manter os EUA no papel de polícia do mundo.
Os comícios dos dois candidatos estampam com nitidez essa mudança de guarda entre gerações. No último sábado, em Springfield, uma cidadezinha da Virgínia, McCain falou para um público pequeno de 3.000 pessoas, majoritariamente na faixa dos 50 a 60 anos. Faltavam jovens na platéia.
Em Miami, na Flórida, há duas semanas, Obama eletrizou multidões de várias idades e etnias. Ele é o político pós-racial. McCain representa a América caucasiana, tradicional. Os comícios do republicano são sempre precedidos por orações.
Todos ficam em silêncio, muitos fecham os olhos, ouvem uma prece e respondem "amém".
Hollywood também traça um perfil dos candidatos. Sarah Jessica Parker apóia Obama. Maria Conchita Alonso vota em McCain.
O republicano anima seus comícios com músicas dos anos 80, extraídas da trilha de "Rocky, um lutador". Sente saudades de um mundo que não existe mais, pré-queda do Muro de Berlim. Sua candidata a vice, Sarah Palin, se refestela chamando Obama de "socialista".
Trocas de gerações, como se sabe, podem ser traumáticas. No Brasil, Ulysses Guimarães foi preterido em 1989. Escolheu-se o "novo". Para sorte dos EUA, o "novo" aqui parece ser muito menos arriscado.

elianec@uol.com.br


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