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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Falcões do serrismo
SÃO PAULO - Ficou estabelecido
por aí, nos ares do tempo, que os petistas abrigam cupinchas, e os tucanos têm assessores; que o PT aparelha, e o PSDB emprega; que um,
quando vence nas urnas, põe a democracia em risco; que a vitória do
outro exprime a saúde da democracia contra a tara totalitária do primeiro. A lista é vasta.... e tediosa.
A alguns, esses contrastes podem
soar simplistas e caricatos. Talvez
sejam mesmo. Mas estão na ordem
do dia. Tome-se o exemplo ainda
fresco das eleições municipais.
Todos sabem, José Serra saiu delas vitorioso. Como grão-tucano,
ele tem muitos assessores. Emprega muita gente. Alguns deles -para
falar na língua de Delúbio, que os
petistas entendem- são auxiliares
não contabilizados. Trabalham por
amor à causa do governador. Engrossam o Partido do Serra na mídia, de vento em popa rumo a 2010.
Um luminar não contabilizado do
serrismo soprou ao governador e
ele achou que deveria dizer o seguinte no discurso da vitória, ao lado de Kassab, domingo passado:
"Ganharam no Brasil a pluralidade
e a diversidade. Perderam o monopólio e aqueles que sonham com o
monopólio". E completou a grande
idéia com insinuações sobre o mundo sombrio de George Orwell.
A cascata tucana deu cria. Pululou por jornais e blogs até parar na
revista. Ora, a tese de que outro resultado eleitoral ameaçaria a democracia entre nós não passa de delírio reacionário. Qual o perigo? Há
pobres demais comendo no país?
Desejos totalitários? Mas quem falava em 2006, de boca cheia, em
"acabar com aquela raça"?
Afora isso, é fato que o PT sofreu
um revés nas urnas, à luz do que esperava. Mas parece precipitado dizer que Lula foi derrotado. O que se
viu na campanha foi uma legião, da
oposição inclusive, procurando tirar lasca da sua popularidade. Não
funcionou em São Paulo.
Vamos repetir: o serrismo saiu da
eleição por cima. Mas em uma semana já ofereceu um mau presságio
do que ele poderá se tornar nas garras da direita que o parasita.
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