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Recuperação e incerteza
PERMANECE indefinida a trajetória da economia americana, a despeito de os dados
mais recentes relativos ao PIB
terem revelado melhora em
comparação ao cenário que prevalecia desde o início de 2008.
Após 12 meses de quedas consecutivas, a produção dos EUA
cresceu 0,9% entre julho e setembro deste ano, diante do trimestre imediatamente anterior.
O desempenho, que corresponde
a alta anualizada de 3,5%, foi impulsionado pelo gasto do consumidor americano na compra de
bens, serviços e imóveis.
Como o dado se refere a um período curto, não se pode ainda
afirmar que o país deixou para
trás aquela que foi uma das mais
severas recessões de sua história.
É significativo, sem dúvida, o fato de a recuperação ter-se dado a
partir de uma base ampla. Melhoraram todos os itens da demanda -consumo das famílias,
investimentos das empresas,
gastos do governo e exportações.
O calcanhar de Aquiles da economia dos EUA, contudo, repousa na fraca recuperação do emprego. É provável que os dados
relativos ao desemprego no trimestre, prestes a serem divulgados, revelem piora, apesar do desempenho positivo da produção.
Essa incapacidade de criar
postos de trabalho em velocidade suficiente para reduzir o desemprego ameaça, senão a própria continuidade da recuperação, pelo menos o seu ritmo.
Por sua vez, o deficit orçamentário recorde do governo americano nos 12 meses encerrados
em setembro, sob o impacto dos
monumentais pacotes de incentivo e resgate do setor financeiro,
sinaliza que os estímulos públicos à expansão econômica caminham para o esgotamento.
Diante desse quadro, mesmo
que a recuperação se sustente,
seu ritmo tende a ser lento, baseado em taxas de crescimento
historicamente baixas.
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