São Paulo, quarta-feira, 03 de novembro de 2010

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FERNANDO RODRIGUES

Lula 2014

BRASÍLIA - Vou discordar da corrente (majoritária) a respeito do retorno de Lula como candidato a presidente em 2014. A tese é conhecida. Dilma Rousseff só teria a função de esquentar a cadeira para seu mentor retornar em quatro anos.
A volta de Lula na próxima eleição presidencial é, por óbvio, uma hipótese. Mas a história e a conjuntura recente do país tornam essa possibilidade, no mínimo, remota.
Adeptos da teoria desconsideram o fato de que a presidente eleita não tem o perfil de laranja na política. Teria de mudar sua personalidade para desempenhar esse papel.
O outro aspecto a considerar é o grau de êxito do futuro governo Dilma e a sua popularidade e disposição pessoal em 2014. Se a petista fizer um governo bem sucedido, por que razão abriria a porta para Lula? Não há na história exemplos desse tipo de benemerência.
Há pelo menos duas outras situações. Um governo Dilma péssimo ou apenas medíocre. Nesses dois casos, o retorno de Lula também se torna complexo e incerto. O atual ocupante do Planalto quase repetiu Paulo Maluf, que em 1996 disse: "Se o Pitta não for um bom prefeito, nunca mais vote em mim".
Celso Pitta (1946-2009) elegeu-se prefeito de São Paulo, sucedeu a Maluf ao derrotar de uma vez os então fortíssimos José Serra (PSDB) e Luiza Erundina (PT). Fez uma administração desastrosa. O malufismo entrou em decadência.
Lula não é Maluf, nem Dilma é Pitta, mas os brasileiros são os mesmos. Adicione-se a essa equação o fato de a oposição ter obtido neste ano 44% dos votos para presidente. Bolsa Família, assim como o Plano Real, ajuda em eleições presidenciais por algum tempo. Depois, as demandas do eleitorado mudam e aumentam de tamanho.
Tudo considerado, as especulações sobre a possível volta de Lula ao Planalto em 2014 parecem mais desejo e exercício de futurologia do que propriamente uma estratégia conectada com a realidade.

fernando.rodrigues@grupofolha.com.br


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