|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
FERNANDO RODRIGUES
Lula 2014
BRASÍLIA - Vou discordar da corrente (majoritária) a respeito do retorno de Lula como candidato a
presidente em 2014. A tese é conhecida. Dilma Rousseff só teria a função de esquentar a cadeira para seu
mentor retornar em quatro anos.
A volta de Lula na próxima eleição presidencial é, por óbvio, uma
hipótese. Mas a história e a conjuntura recente do país tornam essa
possibilidade, no mínimo, remota.
Adeptos da teoria desconsideram o fato de que a presidente eleita
não tem o perfil de laranja na política. Teria de mudar sua personalidade para desempenhar esse papel.
O outro aspecto a considerar é o
grau de êxito do futuro governo Dilma e a sua popularidade e disposição pessoal em 2014. Se a petista fizer um governo bem sucedido, por
que razão abriria a porta para Lula?
Não há na história exemplos desse
tipo de benemerência.
Há pelo menos duas outras situações. Um governo Dilma péssimo
ou apenas medíocre. Nesses dois
casos, o retorno de Lula também se
torna complexo e incerto. O atual
ocupante do Planalto quase repetiu
Paulo Maluf, que em 1996 disse:
"Se o Pitta não for um bom prefeito,
nunca mais vote em mim".
Celso Pitta (1946-2009) elegeu-se
prefeito de São Paulo, sucedeu a
Maluf ao derrotar de uma vez os então fortíssimos José Serra (PSDB) e
Luiza Erundina (PT). Fez uma administração desastrosa. O malufismo entrou em decadência.
Lula não é Maluf, nem Dilma é
Pitta, mas os brasileiros são os mesmos. Adicione-se a essa equação o
fato de a oposição ter obtido neste
ano 44% dos votos para presidente.
Bolsa Família, assim como o Plano
Real, ajuda em eleições presidenciais por algum tempo. Depois, as
demandas do eleitorado mudam e
aumentam de tamanho.
Tudo considerado, as especulações sobre a possível volta de Lula
ao Planalto em 2014 parecem mais
desejo e exercício de futurologia do
que propriamente uma estratégia
conectada com a realidade.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: "Até logo" Próximo Texto: Rio de Janeiro - Ruy Castro: Estado gasoso Índice | Comunicar Erros
|