São Paulo, terça-feira, 03 de dezembro de 2002

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BANCOS NACIONAIS

Os bancos nacionais vão retomando uma parte do espaço perdido para os estrangeiros nos últimos anos. Em 2002, os bancos estrangeiros diminuíram suas posições em diferentes ativos brasileiros: linhas de crédito externo, títulos da dívida pública e créditos em reais. A carteira de crédito dos bancos estrangeiros cresceu apenas 6,3%, enquanto a dos bancos de controle nacional se elevou-se em 17,5%, até setembro.
Além disso, o Itaú comprou o Banco BBA Creditanstalt; o Bradesco comprou o Banco Ford. Segundo estimativas publicadas pelo jornal "Valor", os bancos estrangeiros transferiram ativos no valor de R$ 17 bilhões aos nacionais.
Isso parece demonstrar que os bancos nacionais estão bastante aptos a enfrentar a concorrência dos estrangeiros. O processo de alta inflação dos anos 80 já forçara uma atualização tecnológica e operacional.
Por outro lado, o comportamento dos bancos estrangeiros fragiliza a expectativa de que eles garantiriam liquidez em moeda forte no caso de uma crise de balanço de pagamentos. Além de reduzir as linhas de crédito externo, os bancos estrangeiros revelaram-se fonte suplementar de pressões nas crises cambiais. Isso porque procuravam proteger seus patrimônios das desvalorizações e consolidavam posições especulativas relevantes nos mercados de câmbio. O presidente do Itaú, Roberto Setubal, afirma que a predominância de bancos nacionais contribuiu para "amenizar" a recente crise externa.
Mas o fato é que, durante esse processo, aumentou a concentração do mercado bancário. De acordo com os dados divulgados pelo BC, os 10 e os 20 maiores bancos detinham, respectivamente, 71% e 85% dos ativos totais e 77% e 89% dos depósitos totais do sistema, em junho de 2002. Essa elevada concentração exige um aperfeiçoamento permanente da regulamentação e da supervisão do sistema bancário brasileiro, a fim de conter o risco sistêmico e possíveis práticas lesivas ao consumidor.


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