|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BOICOTE RUSSO
É preocupante a perspectiva,
anunciada por um importante
assessor econômico do presidente
Vladimir Putin, de que a Rússia não
ratificará o Protocolo de Kyoto, o tratado internacional que procura combater o aquecimento gradual do planeta. "Em sua forma atual, o Protocolo de Kyoto coloca limitações significativas ao crescimento econômico da Rússia", afirmou em Moscou
Andrei Illarionov.
Se a disposição russa de fato se
confirmar, o protocolo não sairá do
papel. É que, para vigorar, ele precisa
ser ratificado por pelo menos 55 países que respondam por no mínimo
55% das emissões de gases-estufa
das nações industrializadas. Depois
que o presidente George W. Bush decidiu denunciar o tratado, em 2001,
essas condições ficaram mais difíceis de atingir, pois os EUA respondiam, sozinhos, por 36,1% da emissões dos países ricos (em 1990) de
CO2, o principal gás envolvido no
efeito estufa, que vem causando o
aquecimento da Terra. Descontadas
as emissões de todos os países industrializados que já disseram que
não validariam Kyoto, a ratificação
russa é a única chance de as especificações serem atingidas para que o
protocolo entre em vigor.
Nada impede, é claro, que as nações que já se dispuseram a cumprir
as metas de redução estabelecidas
pelo acordo as persigam mesmo
sem a vigência legal do documento.
Mas é forçoso reconhecer que o fracasso em tornar o protocolo uma
realidade jurídica representará um
duro golpe para seus objetivos.
A confirmar-se a desistência russa,
Putin estará colocando benefícios
econômicos imediatos à frente dos
interesses de longo prazo de seu país
e do mundo. Talvez seja demais esperar que certos políticos se preocupem seriamente com um problema
cujas consequências não verão em
seus mandatos nem em suas vidas.
Texto Anterior: Editoriais: BOLSAS EM ALTA Próximo Texto: Editoriais: DESCRENÇA NO IRAQUE Índice
|