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São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2003

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BOICOTE RUSSO

É preocupante a perspectiva, anunciada por um importante assessor econômico do presidente Vladimir Putin, de que a Rússia não ratificará o Protocolo de Kyoto, o tratado internacional que procura combater o aquecimento gradual do planeta. "Em sua forma atual, o Protocolo de Kyoto coloca limitações significativas ao crescimento econômico da Rússia", afirmou em Moscou Andrei Illarionov.
Se a disposição russa de fato se confirmar, o protocolo não sairá do papel. É que, para vigorar, ele precisa ser ratificado por pelo menos 55 países que respondam por no mínimo 55% das emissões de gases-estufa das nações industrializadas. Depois que o presidente George W. Bush decidiu denunciar o tratado, em 2001, essas condições ficaram mais difíceis de atingir, pois os EUA respondiam, sozinhos, por 36,1% da emissões dos países ricos (em 1990) de CO2, o principal gás envolvido no efeito estufa, que vem causando o aquecimento da Terra. Descontadas as emissões de todos os países industrializados que já disseram que não validariam Kyoto, a ratificação russa é a única chance de as especificações serem atingidas para que o protocolo entre em vigor.
Nada impede, é claro, que as nações que já se dispuseram a cumprir as metas de redução estabelecidas pelo acordo as persigam mesmo sem a vigência legal do documento. Mas é forçoso reconhecer que o fracasso em tornar o protocolo uma realidade jurídica representará um duro golpe para seus objetivos.
A confirmar-se a desistência russa, Putin estará colocando benefícios econômicos imediatos à frente dos interesses de longo prazo de seu país e do mundo. Talvez seja demais esperar que certos políticos se preocupem seriamente com um problema cujas consequências não verão em seus mandatos nem em suas vidas.


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