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São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2003

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DESCRENÇA NO IRAQUE

A população iraquiana, como não poderia deixar de ser, vive uma situação generalizada de desconfiança e desalento em relação ao futuro. Segundo levantamento realizado pelo Oxford Research International (instituto especializado em pesquisas no Oriente Médio e Ásia), em colaboração com as universidades de Dohuk e Bagdá, perto de 80% dos habitantes do Iraque não confiam nem nas tropas de ocupação nem na Autoridade Provisória da Coalizão que tenta governar o país.
Tratando-se de forças invasoras estrangeiras, não seria de esperar algo muito diferente, mesmo considerando a tirania exercida por Saddam Hussein. A descrença, no entanto, atinge as mesmas proporções em relação aos partidos políticos locais.
Segundo a pesquisa, que ouviu 3.244 pessoas em outubro e novembro, "uma vida melhor" e "paz e estabilidade" são as prioridades da maioria para 2004. Apenas 7% mencionaram um "governo democrático e independente" -uma das promessas acenadas pelos EUA em seu intento de justificar a invasão.
A desesperança que atinge os iraquianos não deixa, em graus diferentes, de ser compartilhada por analistas e setores importantes da opinião pública internacional. De fato, a escalada de violência vai vitimando militares, agentes e diplomatas ligados aos diversos países envolvidos, contribuindo para alimentar o ceticismo acerca da recuperação do Iraque num quadro mais estável e seguro.
As dúvidas não dizem respeito apenas à situação iraquiana. A grande indagação é se esforços diplomáticos para superar os conflitos que motivam o terrorismo, entre os quais figura em primeiro plano o israelo-palestino, merecerão do governo dos EUA atenção proporcional à que tem dirigido a sua máquina de guerra.


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