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DESCRENÇA NO IRAQUE
A população iraquiana, como
não poderia deixar de ser, vive
uma situação generalizada de desconfiança e desalento em relação ao
futuro. Segundo levantamento realizado pelo Oxford Research International (instituto especializado em
pesquisas no Oriente Médio e Ásia),
em colaboração com as universidades de Dohuk e Bagdá, perto de 80%
dos habitantes do Iraque não confiam nem nas tropas de ocupação
nem na Autoridade Provisória da
Coalizão que tenta governar o país.
Tratando-se de forças invasoras estrangeiras, não seria de esperar algo
muito diferente, mesmo considerando a tirania exercida por Saddam
Hussein. A descrença, no entanto,
atinge as mesmas proporções em relação aos partidos políticos locais.
Segundo a pesquisa, que ouviu
3.244 pessoas em outubro e novembro, "uma vida melhor" e "paz e estabilidade" são as prioridades da
maioria para 2004. Apenas 7% mencionaram um "governo democrático
e independente" -uma das promessas acenadas pelos EUA em seu intento de justificar a invasão.
A desesperança que atinge os iraquianos não deixa, em graus diferentes, de ser compartilhada por analistas e setores importantes da opinião
pública internacional. De fato, a escalada de violência vai vitimando militares, agentes e diplomatas ligados
aos diversos países envolvidos, contribuindo para alimentar o ceticismo
acerca da recuperação do Iraque
num quadro mais estável e seguro.
As dúvidas não dizem respeito apenas à situação iraquiana. A grande
indagação é se esforços diplomáticos para superar os conflitos que
motivam o terrorismo, entre os quais
figura em primeiro plano o israelo-palestino, merecerão do governo dos
EUA atenção proporcional à que tem
dirigido a sua máquina de guerra.
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