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TENDÊNCIAS/DEBATES
Rede Ibero-Americana de Ensino Fundamental
MARIA HELENA GUIMARÃES DE CASTRO, FERNANDO LEÇA e SALVADOR A. BARRENECHES
Adotando essa lógica, resolvemos investir na integração ibero-americana por meio da cultura e da educação
ARQUITETO DA unidade européia, o político francês Jean
Monnet costumava dizer que o
"c" de cultura era mais importante
que o "c" de comércio. Adotando essa
lógica, resolvemos investir na integração ibero-americana por meio da
cultura e da educação.
Integrando propósitos e esforços, a
Secretaria de Estado da Educação de
São Paulo, o Grulac (Grupo de Cônsules da América Latina e do Caribe) e o
Memorial da América Latina lançaram, no espaço concebido pelo gênio
de Oscar Niemeyer, a Rede Ibero-Americana de Ensino Fundamental.
A rede é formada, de partida, por 32
escolas públicas estaduais paulistas
que, em suas denominações, homenageiam todos os países da América
Latina e do Caribe. Elas têm nomes
como escola República da Bolívia, escola Salvador Allende, entre outros.
As escolas passaram a ser apoiadas
pelo Grulac, pelo memorial, pelo Instituto Cervantes, pelo portal Universia e pelo banco Santander, o que permitirá à rede levar a cabo diferentes
atividades de cooperação educativa e
cultural. Com isso, esperamos fazer
de São Paulo referência na matéria.
Essa é uma forma de sinalizar um
efetivo apreço pelo ideal integracionista e aproximar, mediante o ensino
e o intercâmbio cultural, as crianças
que no futuro serão responsáveis pela
integração de nossos países.
Dentre os projetos para 2008, além
do ensino de espanhol, estão aulas especiais de história e geografia de cada
país da região, encontros de dança e
música folclórica, comemoração das
datas nacionais e do Dia da Integração, o Prêmio Monteiro Lobato de Literatura Infantil e o Torneio Esportivo Cidade de São Paulo, com o apoio
da ESPN.
Nos próximos anos, comemoraremos o bicentenário das independências de vários países da América Latina, e as crianças precisam conhecer
melhor essa história. Pensando nisso,
o Consulado Geral da Venezuela em
São Paulo doou às bibliotecas de cada
uma das 32 escolas da rede livros em
português sobre o libertador Simón
Bolívar, que lutou nas independências da Venezuela, da Colômbia, do
Equador, da Bolívia e do Peru.
Uma das funções da rede é ajudar as
escolas "apadrinhadas" a se prepararem para o ensino do idioma espanhol. A cada consulado cabe apoiar
"suas escolas", facilitando o ensino do
idioma. Para isso, temos o apoio e a
participação da Secretaria da Educação, do Instituto Cervantes e das representações diplomáticas espanholas e portuguesas no Brasil.
Na cerimônia de lançamento da rede, foram doados às escolas 290 computadores pelo banco Santander. Os
professores serão capacitados a usá-los pelo portal Universia e pelo Instituto Cervantes. A idéia é fazer os alunos dessas escolas começarem a se
comunicar em espanhol com alunos
de escolas do país correspondente.
A idéia de uma rede foi semeada
anos atrás, na reunião de chefes de
Estado e de governo, do Grupo do Rio,
celebrada em Santiago (Chile), em
outubro de 1993. Dentro do relatório
de atividades e mandatos do Grupo
do Rio, naquela ocasião, se ressaltou
"a importância da coordenação entre
os diferentes organismos regionais
competentes para pôr em funcionamento o referido programa".
Com esse antecedente, o Grulac
-criado em 2006- empreendeu a tarefa de identificar as diferentes instituições docentes do Estado de São
Paulo que levam o nome de países latino-americanos, de heróis ou de cidadãos exemplares desses países,
com o objetivo de formar a rede ibero-americana.
Uma vez concluída a etapa inicial
de identificação e criação de novas escolas, a rede propõe desenvolver programas de trabalho com cada consulado geral e suas correspondentes entidades escolares, assim como definir
um programa em comum que permita reforçar as ações em São Paulo.
A Rede Ibero-Americana de Ensino
Fundamental de São Paulo se converterá na semente de um projeto maior
ao estabelecer que, nos demais países
ibero-americanos, iniciativas semelhantes à do Brasil prosperem.
O objetivo será, no futuro, contar
com uma rede similar por país que
permita, por sua vez, a vinculação
com outras redes, formando uma rede ibero-americana de escolas de ensino fundamental articulada em toda
a região.
MARIA HELENA GUIMARÃES DE CASTRO, 61, é secretária estadual da Educação de São Paulo. Foi secretária-executiva do Ministério da Educação (2002) e presidente
do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) entre 1995 e 2002.
FERNANDO VASCO LEÇA DO NASCIMENTO, 67, advogado, é diretor-presidente da Fundação Memorial da
América Latina. Foi chefe da Casa Civil do Estado de São
Paulo (governo Mário Covas) e secretário do Emprego e
Relações do Trabalho (gestão Alckmin).
SALVADOR DE JESUS ARRIOLA BARRENECHES é cônsul-geral do México em São Paulo e presidente do Grulac
(Grupo de Cônsules da América Latina e do Caribe).
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