|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RUY CASTRO
Genealogia dos Máicons
RIO DE JANEIRO - Outro dia,
discutindo os razoáveis méritos do
jogador Máicon, lateral do Inter de
Milão e da seleção brasileira, surpreendi-me falando Máicon para cá
e Máicon para lá, como se fosse o
nome mais tradicional do mundo
-algo assim como Abílio, Belmiro
ou Coriolano, cujas origens históricas podem ser traçadas desde o século 5 ou antes.
Já tinha me esquecido de como,
há anos, ao ouvir pela primeira vez
o nome Máicon -que não se referia
ao Máicon citado acima, mas a outro de que não me lembro-, achei
que o interlocutor se enganara ou
meu ouvido é que entortara. Sem
dúvida, pensei, ele queria dizer Michael. Hoje, com tantos Máicons
explícitos e assumidos à nossa volta, em blogs, twitters, facebooks, na
música caipira e no futebol -raro o
clube que não tem ao menos um-,
o nome já se incorporou à língua.
Como terá começado essa onda?
Fico imaginando o primeiro pai que
entrou num cartório para registrar
o filho como Michael e cantou o nome para o escrivão. Ou o pai o pronunciou errado e o escrivão o seguiu no erro, ou o pronunciou certo,
mas o escrivão escorregou ao escrever. Enfim, ali nasceu o primeiro
Máicon. Mas como terá nascido o
segundo? E o terceiro, o quarto e os
milhares de outros?
Como não existe nenhum Máicon maior de 30 anos, imagino que
o processo se deu quando o jovem
Michael Jackson começava a empolgar futuras jovens mães e a fazer
com que elas dessem o seu nome
aos filhos. Se bem que o principal
Máicon da atualidade, o do Inter e
da seleção, seja uma homenagem a
outro Michael. Vide seu nome completo: Máicon Douglas Sisenando.
Mas não seja por isso. Se você
procurar por um absurdo e improvável Máicon Jackson, referindo-se
ao dançarino americano morto há
pouco, lá estará ele, firme, no infalível Google.
Texto Anterior: Brasília - Melchiades Filho: Mulher brasileira Próximo Texto: Marina Silva: Tragédias que se repetem Índice
|